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Publicado: Terça-feira, 2 de agosto de 2005

Juventude, esperança da Igreja

Quando falo a casais costumo recordar o que escreveu o saudoso Papa João Paulo II em sua Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, de 1981: “O futuro do mundo passa pela família”. Pela família bem constituída, fecunda e indissolúvel, que educa seus filhos para a vida. E dirigindo-me aos jovens, sempre acrescento: “Sim, o futuro do mundo e da Igreja passa pela família mas, antes, passa pela juventude”. Somente quando os jovens constituírem famílias bem estruturadas, comunidades de amor a serviço da vida, pequenas Igrejas domésticas, evangelizadoras e dignas é que poderemos sonhar com um amanhã melhor que os dias de hoje.
Em janeiro de 1979 realizou-se em Puebla (México) a III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. Vendo em toda a América-Latina milhões de jovens e pobres, os Pastores da Igreja fizeram por eles uma opção preferencial em sua ação evangelizadora. Sem deixar de evangelizar a todos, particularmente os grupos decisórios dos quais depende o surgimento de uma nova sociedade menos desigual, mais fraterna e mais justa, a partir de então toda a Igreja acabou empenhando-se no anúncio de Jesus Cristo e sua verdade, da dignidade, dos direitos e deveres humanos.
Entre 1975 e 2000, vivendo ao lado dos jovens como Assistente Eclesiástico das Juventudes Católicas feminina e masculina, envolvido com os numerosos membros da Juventude Universitária Católica, das Comunidades Missionárias do Movimento de Emaús e das Comunidades Paroquiais, posso atestar ter sido grande o empenho dos bispos, presbíteros e assessores adultos em sua evangelização. Também o Focolares e os Cursilhos de Cristandade, as Conunidades Neo-Catecumenais, os Grupos da Renovação Carismática Católica e outros prosseguem multiplicando importantes iniciativas na evangelização da juventude.
Verifico, com dor no coração, que muitos bispos e sacerdotes não estão dando aos jovens a importância que têm e que todos temos o dever de evangelizar, priorizando esse trabalho. Sinto que muitas Comunidades Paroquiais ligadas à Pastoral da Juventude passam por um momento difícil. Os que nelas perseveram contam, na realidade, com a maior participação não de jovens, mas de adolescentes, o que não deixa de ter a sua importância. Porém, o desafio maior está na evangelização dos que, superada a adolescência, encontram-se entre os 18 e 25 anos de idade. A maioria deles está nas Universidades ou empenhada no trabalho, quando o têm. É notável o relativismo e o utilitarismo, o permissivismo, a desorientação religiosa e moral predominante nas Universidades oficiais e mesmo nas católicas. É muito tênue, pouco sentida e não envolvente, a Pastoral Universitária, empenhada em uma séria formação humana, afetiva e sexual, religiosa e moral do mundo universitário, de onde sairão os grupos decisórios de amanhã, líderes na política e na educação, na economia e no empresariado, no meio forense e outros, tão decisivos para o futuro de nossa Pátria.
A realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), de 16 a 21 de agosto, em Colônia, na Alemanha, é oportunidade única para uma revisão do que temos feito e do que devemos continuar fazendo na evangelização dos jovens, antes que seja tarde, se é que já não perdemos um tempo precioso. Bento XVI irá até sua terra natal pela primeira vez como novo Papa. Estou ansioso por vê-lo entre os jovens de todo o mundo, entre eles cerca de dois mil brasileiros. Com certeza o Sucessor de Pedro viverá um dos mais importantes momentos do início de seu pontificado, dando continuidade ao incansável incentivo, à presença amorosa, ao testemunho de palavra e de vida que marcaram o longo pontificado do Papa João Paulo II que, aliás, acabou ocupando um lugar mais que importante no coração e nos projetos de vida de milhões de jovens dispersos pelo mundo afora.
Todos temos uma ótima oportunidade para promover nos dias da JMJ alguma iniciativa significativa e marcante na convivência e evangelização dos jovens. Sei que a Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), com o apoio de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, estará promovendo a “BH JMJ 2005”, onde são esperados pelo menos 1500 jovens que, depois de uma Romaria ao Santuário Mariano de Nossa Senhora da Boa Viagem, no dia 15 de agosto, terão uma série de palestras confiadas à minha pessoa, sobre a presença e as lições de Cristo na Eucaristia, a necessária conversão para a sua pessoa divina e o heroísmo que se espera dos jovens em uma vida pura e santa. Alegrará ao Mestre saber que, nas Comunidades de todo o Brasil, a juventude estará reunida em convivência fraterna, na Celebração Eucarística, na reflexão e na renovação de seus compromissos batismais e crismais.
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