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Publicado: Quarta-feira, 15 de março de 2006

Jonnhy Cash

Pouco antes da escolha dos premiados pela Academia de Hollywood, num sábado à tarde sem nada para fazer, me programei para ir ao cinema para assistir “Jonnhy e June”. Acertei na mosca; vale a pena assistir ao filme.
Logo de início, ficamos sabendo que Jonnhy tinha um pai alcoólatra, bastante grosseiro, que tinha uma preferência pelo irmão mais velho de Jonnhy que acabou morrendo cedo num acidente com uma serra elétrica. A mãe, ao contrário, adorava música e tinha como um de seus passatempos cantar hinos gospel com o filho menor.
O ator Joaquin Phoenix tem até algo em comum com seu personagem no filme. Segundo informações, na época da gravação, Phoenix até descontrolou-se no cenário e começou a bater com a cabeça na parede, pois supostamente a cena da morte de seu irmão, no filme, lembrava-lhe a morte do irmão real, River Phoenix. Joaquim tinha apenas 19 anos quando seu verdadeiro irmão morreu devido às drogas, quando saía do conhecido clube Viper Room, pertencente a Johnny Depp, em 1993. No episódio, Joaquin teve de ser levado de ambulância a um hospital, ao descontrolar-se quando fizeram referências à morte do irmão mais novo de Cash.
Voltando ao filme, diferentemente de Jonnhy, June vinha de uma família ajustada e cheia de cantores, que não tinha vergonha de se exibir em programas de rádio na Virgínia. Mas, vejam só o que é o destino. Johnny, que era autodidata em violão, se tornou um astro porque soube agarrar a oportunidade que passou diante de si, enquanto a June batalhava por um lugar ao sol. Para Jonnhy, logo veio a fama, o dinheiro, as mulheres e, de brinde, as drogas: ele abusou das anfetaminas, do uísque e, com isso, logo foi ao fundo do poço. É aí então que surge a mão doce e delicada de June. Bem, não vou contar detalhes, pois já contei o principal: essa é a bela história de amor que no filme é contada de forma arrebatadora. No filme também podemos ter uma pequena idéia do início de carreira de Jerry Lee Lewis e também de Elvis Presley, dois dos contemporâneos do grande Jonnhy.
Depois de ter assistido ao filme, para mim não foi nenhuma surpresa o fato de o nome de Reese Witherspoon ter sido pronunciado após o "the Oscar goes to..." para Melhor Atriz, em 5 de março último. A razão é que Reese simplesmente arrasa no papel da cantora June Carter (1929/2003), deixando de lado o papel de namoradinha da América e fazendo o melhor papel de sua vida. Assim como ela, Joaquin Phoenix, que também fora indicado ao prêmio de Melhor Ator, também arrasa. Os dois cantam mesmo no filme e, a grande surpresa, além da ótima interpretação, ambos dão uma aula de afinação. Joaquin Phoenix consegue ser denso e bem próximo do doce-amargo Cash que o filme retrata.
Visualmente, “Jonnhy e June” é elegante. O diretor minimizou bastante a vida de Cash à sua conturbada história romântica com June Carter, segunda e definitiva mulher. Mas a favor dele, com Phoenix e Whiterspoon, o diretor conseguiu veracidade impressionante ao contar que aquela era a única mulher no mundo capaz de salvar Cash da destruição completa. A relação entre os dois chega a ser palpável, criando as melhores cenas do filme.

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