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Publicado: Sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Joãos que inspiraram Wojtyla

Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, adotou João como parte de seu nome de Pontífice, escolhendo assim São João como patrono ou padroeiro. Esses dois termos têm o significado de protetor: padroeiro pode ser o pai espiritual que nos assiste e patrono o modelo que deixou um exemplo a ser seguido. Dessa forma, quando chamamos a João nosso Padroeiro ou nosso Patrono, estamos dizendo que ele, por seus atos, tornou-se digno de ser o modelo segundo o qual todos devem pautar suas ações.
 
As pesquisas indicam vários Joãos canonizados. Entre eles, encontramos São João Batista, São João Crisóstomo, São João da Escócia, São João de Boston, São João de Deus, São João de Edimburgo, São João Esmoler ou de Jerusalém, São João Evangelista, São João Marcos, entre outros.
 
São João Batista nasceu em 24 de junho, no ano 7 a.C. Era filho de Zacarias, um sacerdote, e sua esposa Isabel. Chamou-se Batista pelo fato de ser um "batizador". Os Evangelhos retratam João como o Profeta que saiu do deserto para pregar. Quando João Batista começou seu ministério, apresentou-se ao público toscamente vestido e sua missão era a de anunciar, entre os mais humildes e pobres de espírito, a vinda do Grande Redentor. Começou a pregar contra as injustiças sociais e a hipocrisia religiosa, opondo-se aos fariseus e saduceus. Como parte do movimento de renovação judaico, ele batizou seus seguidores com água. Deixando-se batizar por João, o próprio Jesus proclamou sua grandeza. João Batista foi aprisionado e degolado na prisão, a mando de Herodes Antipas.
 
Sobre São João Evangelista pouco se sabe. Era filho de Zebedeu e Salomé e primo de Jesus Cristo pelo lado materno. Fazendo parte do grupo de discípulos mais achegados a Jesus, João foi testemunha direta de acontecimentos como a última ceia, a morte de Jesus e a ressurreição. Escreveu o seu Apocalipse a partir de revelações do próprio Jesus Cristo. João é autor do "Quarto Evangelho", escrito provavelmente no ano 100 e considerado como o mais fidedigno dos Livros do Novo Testamento. Nele, ele nos mostra como devemos ser e agir: "Sermos irmãos, colocando-nos a serviço uns dos outros".
 
São João Esmoler foi Patriarca de Alexandria, no Egito. Nasceu no Chipre na segunda metade do Século IV e faleceu na mesma cidade, no ano de 1619 da nossa era. João era rico e acostumado às facilidades de uma vida faustosa e sem problemas. Num surto de doença epidêmica, João perdeu a mulher e seus filhos, golpe que o fez parar e pensar sobre a fragilidade da vida. Resolveu então distribuir seus bens e sua fortuna em favor dos pobres e a dedicar-se, dali em diante, ao exercício da caridade, socorrendo a todos os que dele necessitavam. Abandonou sua pátria e a herança de um trono, para ir a Jerusalém proporcionar socorro aos peregrinos, aos guerreiros e aos visitantes do Santo Sepulcro. Tanto a Igreja Católica como a Igreja Grega o canonizaram como Santo.
 
Há duas grandes festas tradicionais celebradas anualmente em quase todos os países em honra à São João. Segundo alguns estudiosos, os arquitetos da Idade Média gostavam de celebrar os Solstícios, conforme os usos das mais remotas épocas. Os Solstícios eram chamados pelos povos antigos, na linguagem metafórica ou simbólica, como sendo a porta dos céus. As antigas Corporações de Construtores, acostumados que estavam a comemorar esses dias, obedecendo assim ao seu esoterismo, não tiveram dúvidas em adotar como patronos São João Batista e São João Evangelista, solenizando o nascimento desses santos e continuando com seus antigos costumes.
 
Uma dessas comemorações, a Festa de São João, é festejada em 24 de junho, no Solstício de Inverno, no Hemisfério Sul, consagrada a São João Batista; a segunda é comemorada em 27 de dezembro, no Solstício de Verão, no Hemisfério Sul, que é consagrada a São João Evangelista. No Brasil, limitamo-nos aos festejos de São João Batista, perpetuando uma tradição medieval da Ordem dos Templários.
 
Em tempos atuais, como patrono ou como padroeiro, que o nome João, seja Batista, Evangelista ou Esmoler, permaneça lembrado, iluminando as mentes dos homens para que possamos praticar seus exemplos, norteados por nobres paradigmas.
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