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Publicado: Segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Irmão sol, irmã lua

Foi num distante mês de junho que ela primeiro apareceu. Elaborada em complexa alquimia, no início era como um pequenino ponto brilhante, emanando uma tímida radiação no ilimitado espaço galáctico. Com o passar do tempo, sua clara e intensa luz foi me chamando a atenção. A negra cabeleira em contraste com a branca luminosidade, formam um harmonioso conjunto que me hipnotiza. Silenciosa, sensível e questionadora, observa o mundo com as interrogações do brilhante e significativo olhar. Várias de suas freqüências, do seu amplo espectro eletromagnético, provocam em mim uma indescritível ressonância.
Dois anos mais tarde, no mesmo mês e quase no mesmo dia, surge o companheiro estelar. Também como uma puntiforme fonte resplandecente, nasce observado pela irmã de aventuras cósmicas. Como ela, cresce e emite as ondas luminosas - mas de tons bem diferentes daqueles da primogênita. Os cabelos de fogo transpiram radiações em seu movimento orbital pela abóbada celeste. O belo astro, agitado e irrequieto, explode numa multiplicidade de energias que atingem os que estão ao seu redor. Como na primeira sensação, em uníssono soam muitas de nossas vibrações.
Nascidos da mesma conjunção sideral, frutos do mesmo espaço dimensional, seguem nas florescentes trajetórias, cada vez mais trilhando as próprias sendas. As pequeninas estrelas binárias, com as inumeráveis diferenças e múltiplas semelhanças, continuarão vagando na imensidão do cosmo, perpetuando minha efêmera presença na inesgotável seqüência de instantes, engenhosamente arquitetadas pelo Criador.
Nunca tive a pretensão de ser um grande artífice, mas sempre acreditei nas utopias. Consegui materializar, por estranha espagíria, alguns desses sonhos. Sou metade responsável pela criação de duas diminutas cintilações cósmicas nessa infinidade sidérica. Sem elas, com certeza, os diamantes do Zodíaco brilhariam, para mim, em incompleta harmonia. Que suas luzes rebrilhem, iluminando os novos pulsares que surgirão de seus néctares e que darão continuidade à maravilhosa aventura da existência humana.
Aos meus filhos, Patricia, da constelação de Câncer, e ao Rubens Neto, da constelação de Gêmeos.

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