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Publicado: Quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Inferno

“O inferno é um reality show do subconsciente humano”.

(Djaniro Souza)

  

Na mitologia o inferno fazia parte dos mitos dos povos grego e romano. Acreditavam que era um lugar subterrâneo onde viviam os mortos. Os religiosos cristãos acham que é onde as almas pecadoras passam a viver e sofrer duras penas pela eternidade, subjugadas pelo diabo e seus demônios. Num artigo recente produzido por Tom Kington, do ‘Guardian’, inclusive foi publicado no Brasil recentemente, afirma que Bento XVI, numa missa de Fidene (subúrbio de Roma) afirmou que “Jesus veio para nos dizer que quer todos no paraíso e que o inferno, sobre o qual pouco se fala atualmente, existe e é eterno para aqueles que fecham o coração para o amor d’Ele”.  

 

Na Bíblia, em Salmos 9:17 ensina que “Os ímpios serão lançados no inferno...”. Assim, a humanidade desde os tempos antigos entende que o inferno está em algum lugar específico, ou seja, geograficamente determinado no Universo, mas em outra dimensão. É preciso morrer para que, conforme os pecados praticados, todos poderão ser lançados neste local de sofrimentos e amarguras eternas. Cabe salientar que todas as tendências religiosas usam a existência do inferno como uma ameaça. É uma forma de subjugar, atrofiar a mente, controlar as decisões e impedir o desenvolvimento do conhecimento metafísico e cultural do homem. O objetivo é forçar que façam parte das suas instituições religiosas. Não basta seguir os ensinamentos de Jesus. Cada representante destas instituições desenvolveu um método de “salvar almas”. A manipulação das massas evidencia um desejo implacável na busca do poder e do dinheiro.

 

Porquanto, eu afirmo que o inferno não existe na forma apresentada. A humanidade segue os ensinamentos de Platão e suas dualidades. O inferno não está em determinado lugar. Existem vários “infernos” com seus vários “diabos”. Antes de desenvolver um processo cognitivo, vamos consubstanciar melhor através de alguns pensamentos. O Papa, no mesmo artigo citado acima afirmou que “nosso verdadeiro inimigo é o apego ao pecado, que pode levar ao fracasso de nossa existência.” Ele está caminhando para o meu entendimento sobre o inferno. Aquela presença fantasiosa do diabo em formas assustadoras e com o garfo com pontas imensas e envolvidas com labaredas de fogo, na verdade foi criado desde a antiguidade, cujo objetivo era aumentar o medo do desconhecido-futuro-pós-morte do corpo e controlar as massas que garantiam e garante até hoje o conforto dos representantes dos governos e das igrejas (entende aqui qualquer uma). Os representantes do poder estatal e da religião (aliás, hoje em dia criam igrejas como bancas de feiras diariamente, que aproveitam das classes populares), escravizadores da inteligência humana. Descobriram que a forma mais eficiente de controle social é fomentar o medo na crendice humana.

 

O inferno é uma situação criada pelo homem. É como eu o disse: “um reality show do subconsciente humano.” Na verdade, o inferno não existe nesta e nas outras dimensões do Universo. O que existe são concentrações de “demônios”, considerados “infernos”, aqui na Terra e em outras dimensões. Não tem local específico como eu já o disse anteriormente. O inferno é sinônimo de desregramento humano. É a fuga do estado conhecido como “o bem”. Resultado do egoísmo do homem ou dos demais seres do Universo. Estes são os criadores do estado infernal. O Papa Bento XVI reforça esse entendimento, ao afirmar que “...Ele é uma realidade poderosa, uma liberdade super-humana perniciosa dirigida contra a liberdade de Deus.” (Relatório Ratzinger).

 

Não existe o diabo. Existem os “diabos” cada um com sua força que ganhou como resultado de suas ações infernais. Nós podemos ser aqui na Terra “os diabos” ou seres dotados de bondade e amor. É uma escolha pessoal. Poderemos ser “os diabos” nas outras dimensões, tudo depende das energias assimiladas, positivas ou negativas, durante o nosso vivenciar no planeta. Jean-Paul Sartre ensinou a mesma idéia ao escrever que “o inferno são os outros”. No mesmo artigo citado acima, completa T.S. Elliot que “o inferno somos nós mesmos.”

 

Os humanos forçam o entendimento de que tudo tem uma forma e um endereço, sejam para Deus, inferno e demais “existências”. Não enxergam que vivenciam um

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