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Publicado: Sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Homenageando Ruy Barbosa

Uma benção. Paladino inconfundível, espírito de justiça, expressividade altruísta e patriótica. Vida totalmente dedicada a construir civilidade, cidadania e civilização. Cabal testemunho de integridade e clarividente inteligência. Um grito de virilidade e lucidez intelectual. Lamento lúcido, conspícuo, espontâneo, sincero de dor que não abala, mas afirma lapidarmente profundas, apropriadas e muito pessoais convicções:

“. . . De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Ruy Barbosa – 05/11/1849 a 01/03/1923

Saibamos ler empaticamente a lapidar frase de Rui acima, da forma justa, positiva, no contexto em que deve ser lida e compreendida: como a expressão corajosa e viril, o protesto, a frustração construtiva, a ação e testemunho exemplar de um lúcido, bem formado, raro e excepcional ser humano, um espírito transcendente, condenando com superior inspiração, radicalmente, sem sofismas, com clareza cristalina e a natural autoridade moral de sua inegável intelectualidade e cultura incomuns, a nefasta corrupção em todas as suas formas, a qual nos tem limitado por séculos o crescimento, como nação. Corrupção, que sem cristalino testemunho insofismável ao seu combate e, sem autoridade moral em quem dirige e, sem máscara, cultive, professe, conjugue eximiamente lídimas verdades e valores, sem ao menos saber bem e conscientemente, o que estes padrões e princípios profundamente significam na educação construtiva para a perenidade e inspiração edificante, lamentável e automaticamente traduz-se feericamente no comportamento generalizado, dúbio, ignorante, sub-reptício, deprimente, vulgar e nefasto de fatores tão deletérios à personalidade humana, individual e coletiva, que invadem, dominam, devastam, invalidam e impedem, em certas circunstâncias sociológicas conhecidas, qualquer projeto ou propósito de organizar e realizar equitativa, livre, igualitária, democrática, fraterna e adequadamente a sociedade, visando propiciar e estimular inteligente, pedagógica e construtivamente, na prática e na vida da nação e da Pátria, a sempre ansiada sanidade plena, em padrões civilizados aceitáveis de dignidade e de justiça social.

“. . . A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem, mas ensinam, mas se esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo. Porque todos os sentimentos grandes são benignos, e residem originariamente no amor. . .”

Ruy Barbosa: Palavras à Juventude
 

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