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Publicado: Domingo, 10 de fevereiro de 2013

História não tem dono

História não tem dono
Domínio Público

A história de um país ou de uma cidade, os feitos de seus moradores, sua arquitetura e suas tradições não têm dono. O conhecimento não tem dono. É livre como o vento e rebelde como a juventude.

A multiplicidade de pontos de vista ou de abordagens sobre um mesmo tema, não desqualifica o objeto de estudo. Ao contrário, agrega valor a ele. Permite a diversidade e amplia o universo do próprio conhecimento.

Sei lá quantas centenas de livros já li. Não me recordo da maioria dos títulos ou dos seus autores. Mas aprendi com eles. O conhecimento introjetado se torna parte do indivíduo. Se amalgama e perpetua sob novas formas, transmitidas em conversas entre amigos, amantes, em salas de aula, espetáculos teatrais, nas artes plásticas, em artigos, crônicas, outros livros ou nos poemas escritos num caderninho.

Em tempos em que as informações pessoais e sigilosas são armazenadas em “nuvens”, em que perfis e preferências se delineiam a partir de uma única postagem nas redes sociais, insistir numa ilusória “reserva de domínio” do conhecimento vai além do despropósito.

Lembro-me de que há quase vinte anos, uma revista surgiu em Itu/SP, com a proposta de tornar palatável o conhecimento acadêmico: história para os simples mortais. História Geral, do Brasil e do Cotidiano - dos cidadãos que faziam a cidade existir. Foi apedrejada pelos “intelectuais” de plantão.

Por competência e porque preencheu uma lacuna existente – a de tornar claro o que pouca gente entendia - se tornou respeitada, consolidando-se no mercado editorial.

Parece-me que em cidades interioranas, a “posse” do conhecimento histórico é recorrente. Apenas os doutores, os nascidos, criados ou cujos descendentes chegaram há séculos têm o direito a ela.  

Um assunto não se esgota pelas mãos de um único autor, mesmo que ele o desejasse. Milhares de produções podem ser realizadas a partir de um único tema. Então, mãos à obra. Vamos todos escrever, filmar, pintar ou interpretar.

Como dizia Gandhi, o Mahatma: “O mundo é capaz de prover para todos, o suficiente às suas necessidades básicas. Mas não é grande o bastante para prover os desejos de uma só mente ambiciosa.”

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