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Publicado: Quinta-feira, 20 de setembro de 2012

História e memória de Cabreúva

Nessas andanças pelo território cabreuvano, nesta época pré eleitoral, contato com a surpreendentemente jovem de espírito e lucidez D. Guiomar Corrêa Spina, a primeira mulher cabreuvense, a ser eleita no município, para exercer o mandato cívico popular de VEREADORA, em 1955. Fala-me com naturalidade, na lucidez, inteireza e beleza de seus 86 anos. É a tia da Professora Antonia Aparecida Spina, mãe do popular empresário Tuca da Olaria, avó da gentil e dinâmica Isis, filha do Tuca. Nascida em São Paulo em 18 de Julho de 1926, filha do Sr. José Jerônimo Moreira e da sra. Olívia Corrêa Moreira, mudou-se com seus pais para a fazenda Várzea, no município de Cabreúva. Professora aos 18 anos de idade, começou a redentora obra de alfabetização, sobre caixotes, num dos cômodos da sua casa, com um grupo de crianças do Bairro Bananal, onde não havia escola publica ou privada. D. Guiomar, naquela eleição de 1955, foi a mais votada, segundo reza o magnífico e expressivo diploma, passado pelas autoridades eleitorais da época, que orgulhosamente me exibiu. Admirem-se: Nessa época o Vereador era eleito para exercer o cargo, unicamente pelo prestígio e privilégio do mesmo, em si, para SERVIR, como REPRESENTANTE, para cumprir deveres rigorosos nos quatro anos seguintes, sem receber qualquer remuneração, TRABALHAVAM POR AMOR em pról da comunidade. Que bela história de dignidade, não comprada nem vendida !!! Apenas alcançada pelo reconhecimento e exercício do mais puro e lídimo direito republicano-democrático do legítimo, digno e consciente voto popular. Assim era o “governo do povo, para o povo e pelo povo” pois era legitimamente do povo de onde emanava o poder !!! Sem compras ou vendas de benesses, favoritismos ou privilégios individuais de qualquer ordem .

Sem qualquer dúvida: . . . D. Guiomar, é um exemplo lúcido e vivo a nos contar coisas grandiosas da dignidade humana e do comportamento democrático-republicano! . . .

Dentre os seus inúmeros feitos cabe destacar: como vereadora conseguiu a doação do terreno e a construção do primeiro prédio escolar municipal, para o funcionamento da primeira escola pública do Bairro do Caí, que até então funcionava em prédio de propriedade particular. O primeiro telefone público do bairro foi instalado na residência de D. Guiomar, que assumiu a obrigação de, sem receber honorários por isso, atender as pessoas, ou levar-lhes recados “sempre urgentes” aos montões, a qualquer hora do dia ou da noite, a quilómetros de distância. Foi importante coordenadora da Pastoral da Criança, no Bairro do Caí durante 9 anos, tendo arrebanhado um grupo significativo de Lideranças da Comunidade para o desenvolvimento do trabalho pastoral junto às famílias do Caí. Batalhadora incansável, mostra-me em confidência generosa, correspondências suas dirigidas às administrações públicas responsáveis, (mas irresponsáveis, pois não respondiam) do município, solicitando a construção de um “CENTRO COMUNITÁRIO, DE LAZER, ESPORTE E ENTRETENIMENTO”, para atender às famílias e anseios vitais da comunidade. Correspondências e manifestações veementes nunca consideradas., ou educadamente respondidas.

Hoje viúva, aos 86 anos, contínua e espiritualmente vocacionada à colaboração de forma voluntária e exemplar, com as coisas do Bairro e do município, sempre disposta ao diálogo e a rememorar episódios humorísticos, edificantes ou curiosos de sua interessantíssima e valorosa vida, dá-nos este valioso, cabal, espiritual e exemplar depoimento:

Palavras de D. Guiomar: “Minha vida, como se vê, foi sempre dedicada à comunidade. Meu maior desejo é mostrar para as crianças e jovens, o melhor caminho a seguir, através de palavras educativas dentro dos projetos sociais e religiosos: “ AMAR”, “SERVIR”, “PERDOAR”, DOAR-SE ”SER PACIENTE” e “ACEITAR” sem nada esperar. Como exemplo, a “HUMILDADE” . Espiritual e educacionalmente reconfortante !!! . . .

Muito mais, muito mais mesmo haveria a dizer, sobre este exemplo de humanidade e dedicação ao semelhante, tão bem expresso na dignificante vida desta “primeira mulher vereadora do município de Cabreúva”, mas o espaço jornalístico nos limita nesta oportunidade. Esperamos poder ampliar ainda mais futuramente o exemplar testemunho vivencial desta preciosa e profícua vida.   

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