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Publicado: Sábado, 13 de outubro de 2012

Havia uma igreja ...

Pedro e Dora, como foi visto na semana passada, finalmente haviam chegado a Itu.

Acomodados, passageiros e malas surradas no velho Ford 42, enquanto eram conduzidos à chácara, tiveram a oportunidade de uma vista parcial da cidade e até, quem sabe de propósito por parte do recepcionista, com passagem pelas igrejas centrais. O casal, de fé convicta e profundamente religioso, fez um comentário inicial, o de que as impressões primeiras sobre a cidade de Itu lhes eram agradáveis e de certo modo até familiares, justamente pelo portal elevado e janelas largas das residências, que faziam lembrar as casas das comunas típicas das Minas Gerais.

Devidamente instalados, Dora, competente e dedicada, ao manter em ordem a casa principal e a sua; Pedro, de resoluta disposição para o trabalho. Tais qualidades deram ao dono da chácara a certeza de que havia acolhido pessoas insuspeitas e que jamais lhe trariam problemas.Nas duas primeiras semanas, pedreiro habilidoso, o personagem principal desta história se desvelou antes em consertos e reparos de ordem geral, além de pinturas, por deixar a chácara já de começo com uma aparência melhor.

Quinze dias depois, então, Pedro foi apresentado ao grupo de trabalhadores, aos quais caberia um serviço de longos meses em termos de por abaixo  contínuo, de imóveis antigos, se incumbe de corrigir a tempo todo tipo de desgaste ou avaria que os acometa.

 Absolutamente sólido, de dois pavimentos, assim era o majestoso Convento das Irmãs de Nossa Senhora das Mercês. Ocupava a quase totalidade de uma quadra, localizada dentro da zona considerada central da tradicional Itu, município impregnado de religiosidade e de história, por isso mesmo também com um rol considerável de personagens ilustres do passado. As ocupantes do Conventinho, como os ituanos denominavam aquela comunidade, tinham sido transferidas para um local próximo, mas de construção moderna e vistosa, que ainda existe. Notável obra de engenharia de linhas arrojadas, projeto de profissional ituano de renome. As queridas freiras dessa Congregação, monjas concepcionistas, se caracterizam por adotar vida reclusa e monástica.

Detalhe importantíssimo: contígua ao Conventinho e parte integrante de um mesmo complexo, uma belíssima igreja, aberta porém todas as manhãs ao público, com a celebração de missa diária. A capelania era exercida pelos frades carmelitas, cujo Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo, muito próximos, trezentos metros se tanto, dominam uma das praças centrais.

Chegados ao local e somente ali ao tomar conhecimento do tipo de trabalho que lhes era cometido, o Pedro dentre eles, mesmo sem palavras e recatado, se pôs a pensar. Mas por que a demolição? Conhecedor, constatava a solidez das paredes, o perfeito estado das janelas, piso em geral de boa qualidade... por que?

Como havia extenso pomar e jardins, áreas amplas ainda livres, nos primeiros tempos, o corte de árvores e remoção do entulho predominaram naquela empreitada. Também aí, as machadadas iniciais como que repercutiam no coração daquele homem bom. Mas cumpria ordens. Chegou a sonhar de si para consigo que, fosse-lhe dado cuidar das árvores frutíferas e da horta fértil e rica de variedades, somente com o resultado delas iria auferir boa renda. Ah se pudesse, comentava ele, no retorno ao lar.

Pedro, a imaginar que se daria até melhor, com o cuidar de hortas e árvores frutíferas.

Os passos seguintes, na próxima semana.

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