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Publicado: Terça-feira, 11 de março de 2008

Grande Itu

Grande Itu
relógio que atrasa não adianta

 

Li recentemente três livros sobre o Brasil, falando, respectivamente da chegada da corte de D. João VI, do reinado de D. Pedro I e de D. Pedro II.

Escritos por três autores diferentes, todos de reconhecida autoridade no assunto, que pesquisam a história pátria há décadas, lançaram novas luzes sobre episódios conhecidos e desconhecidos da formação da nação brasileira.

O curioso é que em todos eles Itu é citada como uma vila destacada na economia e na política.

O relato da vida na corte portuguesa, transferida para o Rio de Janeiro, fugindo de Napoleão em 1808, menciona Itu como a “boca do sertão”, último lugar civilizado antes dos cafundós da colônia, ligação com as províncias do Prata e as minas de Goiás.

Muitos paulistas, bandeirantes, partiram daqui em busca da riqueza que, para os ituanos, chegou, finalmente com o ouro branco e o ouro preto, o açúcar e o café.

Na biografia de D. Pedro I, está o episódio do beija-mão ao qual compareceu o capitão-mór de Itu, Vicente Taques Góes Aranha, empertigado em seus trajes antiquados, certamente os melhores em mais solenes. O príncipe regente, conhecido galhofeiro, não perdeu a chance de zombar do ituano, que se sentiu ofendido com a falta de cerimônia do Imperador.

Voltou para a Vila com profunda mágoa de D. Pedro e deve ter guardado a farda no fundo do baú.

         Durante o reinado de D. Pedro II Itu ganha ainda mais importância, com a presença do Padre Feijó, liberal convicto, que assumiu o comando do império antes da maioridade do monarca. Ligado aos Padres do Patrocínio, amigo do Candinho da Farmácia e de outros liberais, tinha fortes laços em Itu e aqui se refugiou nos momentos difíceis da sua vida política.

Mais um acontecimento significativo foi a Convenção Republicana de abril de 1873, feito literalmente nas barbas do imperador, que passou por Itu um dia antes, para inaugurar a Estrada de Ferro Ytuana, mais uma prova da abastança dos barões do café.

         Está no livro também, a admiração do imperador cidadão pelo jovem José Ferraz de Almeida Júnior, para os de casa, Jujiquinha.

         D. Pedro II patrocinou, de seu próprio bolso real, o estágio do pintor ituano em Paris, o que foi decisivo para aprimorar seu trabalho, hoje exposto nos mais destacados museus brasileiros e estrangeiros.

Foram leituras bastante instrutivas, daquelas que fazem a gente devorar páginas e mais páginas e, afinal, fiquei pensando como uma terra tão grande, que marcou a história do país de maneira tão forte, está a beira dos quatro séculos, tão esquecida e apequenada.

Aliás, quatro séculos que, se depender do “relojão” vai chegar atrasado.

Certo estava Mario Braga, relógio que atrasa, não adianta.

 

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