Geront-o-que???

Encaro como no mínimo interessante a reação das pessoas quando escutam o termo Gerontologia; me recordo que no primeiro ano da graduação toda vez que o falava, ouvia comentários do tipo: “Ah Odontologia, que legal!” ou então “nossa, Geologia!”; mas a grande e vasta maioria nos confunde com a especialidade médica, odontológica, fisioterapêutica e também de Enfermagem: a Geriatria, o que não é do mais absurdo, já que um de nossos objetos de estudo, não no sentido pejorativo, é o mesmo: os Gerontes, ou seja, os idosos.

Sei que um artigo de estabelecimento de termos, pode não ser dos mais apetecedores, entretanto, o vejo como essencial para a difusão e consolidação do conhecimento de base, principalmente para as ciências pouco exploradas.

Uma definição riquíssima pode ser encontrada no livro “Palavras- Chave em Gerontologia” escrito por Anita Neri: A Gerontologia é o campo multi e interdisciplinar que visa à descrição e à explicação das mudanças típicas do processo de envelhecimento e de seus determinantes genético-biológicos, psicológicos e socioculturais. Interessa-se também pelo estudo das características dos idosos, bem como pelas várias experiências de velhice e envelhecimento ocorridas em diferentes contextos socioculturais e históricos; abrange aspectos do envelhecimento normal e patológico; compreende a consideração dos níveis atuais de desenvolvimento e do potencial para o desenvolvimento; o termo foi utilizado pela primeira vez em 1903 por Metchnicoff a partir do grego, língua em que Gero significa velho, e logia, estudo.

A Geriatria surgiu em 1909, portanto é posterior à Geronto (assim carinhosamente chamada por nós, adeptos e simpatizantes), quando o médico Nascher introduziu na literatura o neologismo Geriatria para denotar o estudo clínico da velhice, por analogia ao estudo clínico da infância.

A Universidade de São Paulo foi a primeira Universidade do Brasil a oferecer o Bacharelado em Gerontologia; suas atividades dão-se na Escola de Artes, Ciências e Humanidades desde 2005, oferecendo 60 vagas anuais. Atualmente demais instituições de ensino implantaram a graduação à sua grade de cursos, tais como: UFSCar, Universidade Católica de Brasília e Faculdades Adamantinenses.

O Gerontólogo está capacitado a atuar junto a demandas assistenciais específicas dos idosos, contribuindo para que o envelhecimento seja um processo orientado, bem-sucedido, assistido e cuidado. Deve prever, dimensionar e assistir às demandas específicas dessa população, nos mais diferentes contextos, atuando também no combate aos preconceitos e intervenções inapropriadas das famílias e organizações assistenciais. Os profissionais, além de atuarem em hospitais, ambulatórios, unidades básicas de saúde e escolas, podem trabalhar em programas ou serviços de assistência domiciliar, instituições de média e longa permanência, centros de convivência, bem como atuar na formação de uma rede formal de orientação, acompanhamento e apoio a cuidadores de idosos.

Assim como qualquer outra profissão em ascensão, a Gerontologia tem enfrentado desafios no seu processo de consolidação no mercado; há ainda preconceito, o pensamento reducionista e principalmente o desconhecimento das habilidades dos profissionais Gerontológos por parte dos outros profissionais, assim como das instituições, inclusive às públicas de caráter governamental, que prestam serviços aos idosos, fato curioso, já que a equipe multiprofissional destes locais deve contar com a colaboração de Recursos Humanos especializados em Gerontologia tal como é postulado no Estatuto do Idoso (2003) e na Política Nacional de Saúde do Idoso (1999).

Entendo que é cada vez mais árdua a manutenção da estabilidade financeira, com o mercado de trabalho escasso e entupido de novos diplomas; que está todo mundo querendo garantir o seu lugar ao sol todo mundo sabe! E é por isso, que muitos temem a inserção de mais um profissional no mercado, foi assim inclusive na Fisioterapia, Terapia Ocupacional, e tantas outras profissões; mas meu povo de Deus está mais do que evidente de que a demanda populacional está aí, aguardando ações concretas tanto que durante a Terceira Reunião do Comitê Técnico para a Segunda Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento (OMS- Madrid, de 8 a 12 de abril de 2002) foram discutidos inúmeros aspectos sobre o Envelhecimento e a Velhice, e entre outros foram traçadas recomendações, as quais destacam-se: a expansão da educação profissional em gerontologia e geriatria; a inclusão de treinamento multidisciplinar; a formação básica e especializada sobre a saúde do idoso; a promoção de programas de educação contínua em saúde, bem-estar e cuidado de pessoas idosas para profissionais da área da saúde, da assistência social e cuidadores; o estímulo para o aumento de estudantes na área e a promoção de programas de treinamento em gerontologia e geriatria, em países em desenvolvimento, através da cooperação bilateral e multilateral internacional.

Portanto meu caros, sairão na frente os que estiverem munidos de informação e formação especializada para lidar com os 32 milhões de pessoas acima dos 60 anos que virão por aí, e não somente estes, mas também os que tiverem capacidade de trabalhar em equipe para que juntos possamos integrar os conhecimentos nas melhores estratégias para a manutenção da qualidade de vida desses idosos e do processo de envelhecimento como um todo.

Para saber mais:

http://www.abgeronto.com.br/historico.html