Gente
“Gente fria” ou “gente quente”,
Que segundo bíblico preceito
Exarado na “apocalíptica’ e famosa carta
Á vetusta Laodicéia,
Em autoritário, tonitruante conselho,
Ditado por quem sabia das coisas
com legítima autoridade:
“Gente Quente ou Gente Fria”
é melhor que “gente morna”!. ..
Oh, Céus ! . . . Gente morna! ...
Merecedora de “vômito” ! . . .
Nada mais ou nada menos ! . . .
Diz às gentes o apóstolo, em grito de desesperação,
Anátema e execração! . . . que raia discriminação,
Para quem passa inócuo pela vida
Em brancas nuvens, “em cima do belo muro”
Usufruindo da paisagem matizada, de ambos e amplos lados,
“ Cômoda e Tranqüilamente”,
Na sombra diáfana, na cristalina água fresca
da tépida brisa de regatos refrescantes,
Em cínica expressão do ego,
Do esboço de sorriso caricato ao esgar de fanfarrão,
No abuso, iluso uso e gozo de cômodo refrão,
Em diferentes nuances, timbres, feitios e formas:
“não me comprometas”! .. .
“ deixai-me respirar!”...
“não venhas me chatear” . . .
“vim aqui pra descansar”. . .
“não queiras me molestar” . . .
Sem nunca se definir,
Sem nunca se assumir,
Sem nunca ao espírito de justiça sucumbir,
Nem ao tempo ou cordura obedecer,
Sem nunca condescender
Do seu muro descender,
Longe ou nunca de um dia vir a ver e, disso se arrepender,
De negar-se a juízo de valor
ou no valor assumir seu ereto compromisso! ..
Cruz credo, vade retro Satanás ! . . .
Mornos momos, egocêntricos, momice de políticos oportunistas, egoístas, calculistas,
Escárnio, café morno, zombaria, mímica, pantomima, trejeitos grotescos,
Tão comuns na histórica brasilidade política e mesmo na sociedade,
Cujos cínicos pensamentos, conceitos, preconceitos e preceitos
Óbvios, óbvios bem previstos
Na humana, desumana lide e preitos,
Em vulgar culto, habitáculo ou vãos defeitos
De político assaz direito,
Sem quaisquer senso ou respeito
Ao conceito e bom preceito
Do dever “Justo e perfeito”! .. .
“Antes sejais frio ou quente”! . . .
desafia o grande apóstolo.
Mas não morno, minha gente! . . .
Gente fria, ou gente quente,
Definida, assumida, comprometida,
Catando néctar no paço do seu compasso,
Sujeita ao erro, ao fracasso,
à falha e ao elixir do bagaço,
Mas ativa, refletiva, produtiva, criativa,
Autêntica, honesta, sã, operosa,
Jamais corruptora onerosa,
Em que a própria alma e mente
Brota espontânea e candente
Ao latido do sentir cândido, presente
À bondade, em desafio constante, participante, contente,
Sempre são, sempre latente,
Batalhador, sorridente,
coração forte, em chama acesa e ardente
De amor e paixão multi-presente,
Na ação digna, bela, ingente,
De quem assumindo sente
Criar um mundo decente,
De quem com destemor, definidor, frio ou quente em seu valor,
Fé candente e procedente, envolve-se, compromete-se, assume,
Humano calor desperta, para legítima moral e a ética irrefutável da sã autoridade,
Vive os riscos, a fé e o compromisso,
Elabora, lidera, vivifica compreensão, identificação de edificante e construtiva verdade,
Incansável instrumento, age, age, age, reage, atua, continua, não desiste !
Critica, educa, forma, transforma, corrige, repreende, admoesta
A enorme indiferença,
A indisciplinada lassidão e insensatez
Dos imensos remanescentes de animalesca e atávica herança,
De meros sobreviventes, subservientes
Que “Tendo olhos não vêem”
Ou surdos e incongruentes,
Que “Tendo ouvidos não ouvem”
Da luz, do timbre, da cruz,
da dimensão, expansão, do valor, do amor
clara e eternamente acessíveis e presentes
no Todo e total fator dos contingentes! . . .
Do que pode ou não acontecer ! . . .
Dependente apenas da inspiração ilimitada do Divino Ser ! . . .