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Publicado: Sábado, 14 de novembro de 2009

Fundamentalismo cor pink & a vadia universitária

Fundamentalismo cor pink & a vadia universitária
Betty Boop pode vestir rosa?

Ao tentar escrever esse artigo, joguei no google uma pesquisa básica sobre “vestido rosa curto”. Resultado ??? 271.000 links na Web e centenas de imagens! Fiquei rindo sozinha durante alguns minutos, olhando fotos como Betty Boop, Paris Hilton, Sabrina Sato e Barbie, em micro vestidos cor de rosa, cor predileta de 99 % das meninas. Tem de tudo: Vestidos de grife, combinações de cores, modelos, sugestões de lojas para vestidos de casamento, formatura, festas infantis. Tudo cor de rosa. E bem curto!

É ridículo falarmos em valores morais, éticos, de gênero, frente a essa manifestação histérica, coletiva e pink ... 

Velho tema conhecido da medicina, a histeria coletiva deixa suas marcas bizarras. Mas é fato. Não se sabe a causa, mas reações em massa se propagam em comunidades, geralmente associadas a um stress ou confinamento (coisa comum nas escolas e universidades). 

Os distúrbios psicogênicos são explicados como derivados de efeitos de pensamentos nocivos persistentes capazes de produzir resultados negativos – como o contrario de um efeito placebo. Existe quase uma centena de casos descritos na medicina. Sem causa, sem cura, mas altamente contagiantes e coletivos. 

Há relatos interessantes de surtos coletivos desse tipo, como na França, do século XVI, aonde pessoas dançaram sem música por “contaminação coletiva” até exaustão e morte. Sim, começou com uma mulher, que dançando sem parar foi agregando outros malucos (fala-se em 400 pessoas) que depois de mais de um mês começaram a morrer de verdade, pois não conseguiam parar de dançar. Se minimizarmos esses efeitos, estaremos daqui a pouco adorando as festas raves, de pouco mais de 24 horas...

Outro episódio ocorreu na África, por volta dos anos 60, em uma escola, aonde uma centena de alunos ria e chorava alternadamente e só pararam quando fecharam a escola. 

Em 2007, no México, 600 meninas de um colégio adoeceram por medo de adoecer, sem causa aparente e depois de muitos exames, inspeções na escola, entrevistas e hipóteses, os médicos concluíram que o responsável era um distúrbio psicológico em massa.

É preferível encararmos esse episodio da Uniban como uma histeria coletiva do que aceitarmos uma universidade formadora de futuros homens e mulheres com valores fundamentalistas e rígidos, que em pleno século XXI se utilizam do bullying contra seus semelhantes. 

Geralmente, as histerias coletivas duram dias e até meses. Aqui falamos de minutos de super-exposição na internet que estão gerando notícias e mais notícias há quase um mês, associadas a manifestações sublimes de defensores e atacantes. 

No fundo - doença inexplicável, provocação incontrolada, preconceitos perturbadores - devemos parar e refletir que o moralismo non sense é capaz de gerar absurdos nas pessoas e na sociedade. É um vírus invisível, epidêmico, impregnante, profundamente desestabilizador. 

Sonhamos com um mundo cor de rosa para nossos filhos, mas na verdade, ele não pode ser rosa demais, pois provoca e adoece – sem cura e sem explicação lógica. 

Já que a histeria coletiva não tem cura e que o bullying é considerado muitas vezes, um exagero, vamos apenas assistir esse ano a uma legião de formandas universitárias com micro-vestidos rosa, sendo aplaudidas pelos mesmos que outra hora, longe da sanidade social, atiraram pedra na “puta da faculdade”...

Mundo esquisito... vai entender, querer curar ou questionar .... !?!?!?!?!

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