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Publicado: Quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Formando e Liderando os Inquietos "Zapeadores"

Formando e Liderando os Inquietos "Zapeadores"
A assimilação tecnológica parece estar no DNA dos "zapeadores"

Fechando a terna de gerações, o papo de hoje é sobre os “zapeadores” da geração Z (nascidos em meados da década de 90 até 2015)! Essas crianças e adolescentes completamente inquietos com os quais temos convivido, levam o “Z” justamente por zapearem de uma atividade para outra de modo muito intenso, rápido e dinâmico! Ípsilons com características ainda mais fortes traduzem o que são, na realidade, esses jovens!

Enquanto que os atuais universitários acostumam-se bem com smartphones, mídias sociais, inovações tecnológicas e com tudo aquilo que a atmosfera de política e economia favoráveis proporcionou a eles, os meninos que estão nascendo e crescendo em nosso tempo assimilam a velocidade e o dinamismo da informação e da inovação de forma simplesmente assustadora! A tecnologia 2.0 demanda capacidade de adaptar-se com rapidez e muita flexibilidade e nossas crianças parecem estar nascendo com as competências necessárias para lidar com isso já no DNA!

Experimente conversar com a mãe de uma criança ou adolescente e valide as características dos “zapeadores”:

- Mudam o tempo todo o canal da TV por assinatura;

- São fascinados por mídias sociais e por tecnologia;

- Realizam várias atividades ao mesmo tempo (multitarefas);

- Estão sempre buscando novidades e não se sentem bem com rotina;

- Boa parcela deles tem dificuldade para ter foco e são muito dispersos;

- Possuem elevadíssimo poder de mobilização por suas redes virtuais;

- São inconformados e querem transformar como agentes de mudança;

- Conhecem diversos assuntos e temas e acessam informações com tremenda facilidade.

Um trabalho interessante recentemente realizado por pesquisadores da Universidade de Caxias do Sul (Paulo Henrique Braz, Eduardo Henrique Frey, Marcia Rohr da Cruz, Maria Emilia Camargo) intitulado Consumo Da Geração “Z” Estratificado a Partir Das Necessidades Humanas De Maslow, apontou para o resultado de que esses jovens têm uma necessidade clara e manifesta de inclusão e associação nos grupos sociais. Por conta dessa necessidade, veremos essa geração investindo muito os seus recursos com roupas, acessórios, conectividade, jogos e tecnologia de forma geral, com a finalidade de elevar seu nível de aceitação social. Nesse mesmo trabalho, ficou apontada também uma forte tendência na busca pela autorrealização, o que já era marca forte da geração predecessora.

Tenho acompanhado em diversos artigos e blogs diversas críticas com relação aos jovens da geração Z, que já começam timidamente a aparecer no mercado de trabalho e que irão entrar de forma bem mais intensa na próxima década. São taxados de superficiais, imediatistas, desfocados, preocupados apenas com si próprios e pouco engajados com a instituição. Essas características tocam alguns pontos interessantes para se discutir e eu queria explanar rapidamente apenas dois: o papel dos pais na educação formadora e o papel dos líderes corporativos como peça chave no relacionamento interpessoal com essa rapaziada que irá se somar aos ípsilons no mercado.

Em seu artigo Pais que Praticam Bullying com seus Filhos, minha colega, Ritah Oliveira, pontuou muito bem a importância de pais atuarem como protagonistas na formação do caráter dos seus filhos. Ritah trata da educação pela informação e pela formação e, sobre esta última, escreveu de forma brilhante a seguinte reflexão para pais:

A formação, esta sim ultrapassa as fronteiras do saber, ajuda o indivíduo a crescer, molda seu caráter, desenvolve o ser humano, e esta é designada à família, aos pais. A escola acompanha, complementa, mas o papel maior de formar SERES HUMANOS responsáveis, honestos, discernindo certo e errado, bem e mal e cultivando valores de bem comum é seu, é você quem vai gerir uma pessoa melhor para o mundo, para as organizações.”

Os valores e o caráter de um indivíduo são construídos ao longo do início da caminhada de vida e crianças são ainda crianças, a educação ainda é a educação, o amor é ainda o amor e o respeito é ainda o respeito! Acredito verdadeiramente que, se tivermos pais presentes, preocupados e aptos a formar esses pequenos zapeadores com amor ao próximo, confiança, respeito, humildade e senso de responsabilidade pelo futuro deles e da sociedade também, poderemos ter consumidores mais conscientes, empresas mais sólidas e mais preocupadas com o todo e famílias bem mais saudáveis que as de hoje!

Quanto aos líderes, o segredo está em buscar novas competências para a liderança e em adotar uma postura coach, buscando gerar ambientes de aprendizagem, além de estratégias de comunicação e relacionamento voltadas para extrair melhores resultados desses jovens. Muitos líderes já experimentaram dificuldades com a geração Y e a geração Z aparecerá com características ainda mais intensificadas. Faz-se necessário, portanto, uso periódico da empatia, quebra de paradigmas, isenção de julgamento, a cola da vida que é a confiança, flexibilidade, revisão de postura e modelos de liderança e, por fim, amor! O segredo é usar de todos esses recursos para que equipes heterogêneas entrem em estágio de cooperação para buscar objetivos comuns com toda a energia, motivação e potencial de cada “stakeholder”.

Tenho de discordar daqueles que dizem que a geração Z será uma geração perdida. Acredito sim que temos pais preocupados em formar um caráter excelente e escolas dispostas e prontas a informar com qualidade, creio também que muitos líderes que estão entrando no mercado e os que já estão por lá sabem da importância do relacionamento interpessoal e do potencial que pode ser extraído do ser humano quando se lidera com o exemplo, quando se lidera servindo e quando se lidera buscando se estabelecer relacionamentos de confiança. Mais do que nunca, educação sólida e excelente e um modelo de liderança consistente e inspirador serão a chave para que tenhamos novos adultos externalizando o potencial e o bem que carregam dentro de si!

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