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Publicado: Segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Feliz Noel

- Vamos, bem. Pegue as crianças. O Papai Noel chegará de helicóptero ao Shopping, às 16.

Uma faixa separa milhares de pessoas do local da descida. O velhinho já está atrasado uma hora, sob os protestos das crianças.
-Ele não vem, choraminga a garotinha.
-Quero o Papai Noel...
-E o meu presente?
- Nunca vi "licópito", funga o pequeno.
 

Um formigueiro humano escoa pelas lojas para as últimas compras. Tempo de vacas gordas para os vendedores - comissionados - e para os lojistas.

O personagem Papai Noel foi inspirado em Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira, na Turquia, no século 4 que, anonimamente, ajudava os que se encontravam em dificuldades financeiras. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e se espalhou pelo mundo.

Na Lapônia, no Polo Norte, Pai Natal produz freneticamente os brinquedos para as crianças bem comportadas - atualmente nem tanto - para serem entregues na véspera do Natal, 24 de dezembro, ou no dia de São Nicolau, 6 de dezembro, comemorado nos países europeus. Uma história semelhante é encontrada nos folclores grego e bizantino, atribuindo o hábito da troca de presentes ao bispo Basílio de Cesareia - São Basílio - no dia 1º de janeiro.

Na Finlândia vive com a esposa, a Mamãe Noel, milhares de elfos e oito ou nove renas voadoras. A imagem do sorridente velhinho vestido de vermelho e branco, com cinto e botas de couro preto ganhou o mundo e se popularizou nos rótulos da Coca-Cola, interessada em incrementar suas vendas no inverno.

Para os brasileiros ele chega às vésperas do Natal, porém é encontrado durante todo o mês de dezembro nas portas das lojas, pelas ruas das cidades ou nos Shoppings Centers, além de transformado em acessório de decoração subindo por cordas, nas paredes das casas, ou descendo pelos telhados. O kit natalino inclui guirlandas nas portas, presépios e as árvores iluminadas que abrigam os presentes, antigamente distribuídos após a virada para o dia 25. Hoje, em qualquer horário ou até mesmo dias antes, para as crianças.

À meia-noite nos lares, em meio às pilhas de embalagens vazias, carrinhos motorizados correm ao som da sirene da ambulância, acompanhada do doente, maca, injeção, máscara e luvas. A boneca engole avidamente a água da mamadeira, gerando pequenas poças por onde passa. Na TV, um especial de Natal mostra a felicidade da prefeita de Natalândia, ao encontrar a última "partitura mágica" - responsável pelos 365 dias ininterruptos de Natal na cidade fictícia - em meio aos excrementos da rena.

Sobre a mesa de jantar, velas acesas iluminam uma sucessão de animais mortos e bebidas, muitas bebidas. Não faltam a maionese, o arroz e a farofa, enriquecida com os miúdos mais apreciados: coração e moela, tudo bem picadinho, além de frutas para a decoração.

- Feliz Natal!
- Feliz Natal! Brindam os presentes.

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