Colunistas

Publicado: Segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Feliz ano novo!

O costumeio anedotário nacional certifica-se de que o ano só começa em nosso país depois do carnaval.

Nesse carnaval, sai das praias e fui a Belo Horizonte, cidade onde morei durante cinco anos. Vi algumas cenas muito alegres, como o concurso anual Bonecas & Vedetes à beira da piscina do CeLP, na Pampulha, homens vestidos de mulher valendo, para o primeiro lugar, R$ 100,00. Muitas fichas de cerveja para os demais colocados. Um clube lotado, crianças curtindo uma bela terça-feira gorda de sol, sorvete, ducha, piscina, o tradicional jogo de peteca e aquele papo furado com os amigos.

Vi também cenas tristes, como a demolição da Panificadora ABC, na confluência das avenidas Getúlio Vargas e Funcionários. Aliás, o desmantelamento do patrimônio imaterial do bairro do Funcionários é caso de polícia! Como em quase toda cidade brasileira, as construtoras se aproveitam da leniência das administrações públicas para esse funesto trabalho de colocar monstrengos de concreto armado num lugar onde a cidade se valia para sua memória.

Foi triste ver os belorizontinos sacando de seus celulares naquele último adeus, um velório a céu aberto e à luz do meio-dia de uma quarta-feira de cinzas. Mais um pedaço da história de Belo Horizonte que vai para o vinagre. Muito parecido com o que acontece aqui em Santos, a depredação do patrimônio imaterial da cidade.

Hoje, segunda-feira, acho que o ano começa. Aqui nesse pedaço do litoral paulista, começa com uma boa e bem-vinda chuva. Foi um domingo baforento, quente, abafado, o último do período de férias, que terminou com essa sagrada chuva para melhorar os ânimos e colocar todo mundo na rota novamente.

Enfim, a temporada acabou. A cidade volta a ter seus pensamentos para projetos comuns ou pessoais, para sua cultura, seus espetáculos, suas insanidades e bençãos. Agora, feriado prolongado só em abril e todo mundo nessa paragem tentará se virar com o que tem.

O verão em breve chegará ao fim e finalmente a cidade será acolhedora como sempre é nas meias-estações. Todos nas escolas, nos serviçoes, nos afazeres, na labuta do dia-a-dia.

O ano começa. Não se trata aqui de começar bem ou mal. Simplesmente trata-se de começar. Não há mais a temporada, o sol, o calor, os turistas, os visitantes, os coloridos das praias cheias. As cidades do litoral voltam a encarar sua virtude noir das vidas que aqui seguem.

E, caso não seja traído pela minha péssima memória, fica aqui meu grande desejo de um feliz ano novo! Para todos nós!

Comentários