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Publicado: Sábado, 14 de novembro de 2009

Fé e mistério

A vida do homem é prenhe de mistérios. Conhecemos nossa origem fisiológica, mas no fundo do nosso eu ressoam perguntas enigmáticas: porquê sou filho dos meus pais e não de outros pais, sou branco e não  preto, nasci no século XX  e não em outro séculos etc. 

No decurso da existência, a começar pela infância - desenvolvendo a inteligência -, apreendemos toda espécie de conhecimentos.  Auguramos sejam bons - daí a necessidade da família bem constituída-, para que a vida se desenvolva dentro da ética, cristã em que fomos criados.

Adultos, cumprindo a missão que nos foi confiada - que não tem aposentadoria -, deparamo-nos, volta e meia , com situações incompreensíveis, porém explicáveis cientificamente e outras totalmente inexplicáveis, portanto, misteriosas. 

Entendemos, por exemplo, que a Terra não está parada, mas tem os movimentos de rotação e translação, que a lua é seu satélite, que outros planetas existem, que a distância sideral é medida em anos-luz etc.

Pode haver explicações, mas há muito de mistério - se quiser entender -, porque alguns são ricos, outros pobres, alguns morrem cedo (de doenças, acidentes etc.) e outros bem velhos, alguns têm sucesso outros não  e assim por diante.

E recebendo a explicação de tudo, com os ensinamentos religiosos, principalmente, deparamos de chofre com outros mistérios impenetráveis: a Criação, a Encarnação, a Redenção, a Imaculada Conceição, a Eucaristia etc. 

Temos explicações racionais perfeitamente compreensíveis, porém, como não tocamos pelos sentidos (" nihil est in intellectu quod prius non fuerit in sensu" - nada está no intelecto que não tenha passado primeiro pelos sentidos), podemos duvidar e permanecermos céticos ou indiferentes.

Então precisamos nos socorrer da fé.  A fé consiste em acreditar. É a absoluta confiança, por exemplo, que a inocente criança tem nos ensinamentos dos pais. Ela acredita cega ou totalmente nas palavras paternas ou maternas.

Daí podemos até encaixar aquele suave ensinamento de Cristo nos aconselhando a nos tornarmos iguais às criancinhas para merecermos entrar no Reino dos Céus. 

A fé, portanto, se torna imprescindível diante de tantos mistérios. Na oportunidade, acho elucidativo transcrever a explicação do Concílio de Trento: “quando o Apóstolo diz que o homem se justifica pela fé (...), essas palavras devem ser entendidas no sentido de que (...) a fé é princípio da salvação humana (São Fulgêncio, De fide ad Petrum,1) o fundamento e raiz de toda a justificação, sem a qual é impossível de agradar a Deus (Hebr.11,6)(De iustificacione,cap.8).” (Bíblia Sagrada, Edições Theologica, vol II, pg.234). 

Para encerrar, transcrevemos ainda, a explicação de São Gregório Magno sobre a fé: “São Paulo ao dizer que a fé é o fundamento das coisas que se esperam e uma convicção das que não se veem (Heb 11,1), torna evidente que a fé versa sobre as coisas que não se vêem, pois as que se vêem não são objeto da fé , mas da experiência."

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