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Publicado: Sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Fazendo sua parte

Aquecimento global, desmatamento, falta de água, falta de energia, poluição do ar, da água, do solo... sensacionalismo ou realidade?
 
Provavelmente muitos de nós já estejam se dando conta de que essas mudanças não são previsões apocalípticas, mas uma infeliz realidade. Diante dessa constatação podemos assumir a cômoda postura de achar que “a tecnologia vai dar um jeito” ou que “o governo vai dar um jeito”, ou ainda pensar que “não tem mais jeito”. Ou podemos assumir uma postura pró-ativa e otimista, acreditando que esse quadro pode ser revertido. Mas como? É possível que um indivíduo, sozinho, consiga fazer alguma diferença?
 
Sim, é possível! Basta pensar que se cada indivíduo, sozinho, tiver pequenas atitudes, a soma dessas atitudes terá proporções gigantescas. Somos cerca de seis bilhões de habitantes no planeta e, se os níveis de poluição estão tão altos, é porque cada um desses seis bilhões de indivíduos poluiu. Se temos tanto lixo acumulado, é porque cada um desses seis bilhões de indivíduos produziu mais lixo do que a capacidade da Terra em absorvê-lo. Portanto, se cada um desses seis bilhões de indivíduos tiver atitudes para minimizar seu impacto no planeta, a diferença será expressiva.
 
A mobilização política é muito importante; as atitudes empresariais e corporativas são fundamentais. Mas não dá para cobrar esse tipo de ação, se na esfera do indivíduo nossas atitudes forem incoerentes.
 
E começar a partir de si mesmo é o melhor exercício, pois só depende de você. Não dá para “colocar a culpa” no outro, não dá para dizer que você não tem “influência”, não dá para encontrar um motivo para adiar. A primeira etapa para esse exercício é uma simples reflexão, que gerará, automaticamente, algumas mudanças de atitudes. Lembre-se: “pensar global e agir local”.
 
Para ajudar nesse processo, os ambientalistas criaram um roteiro chamado Cinco Erres:
 
Repensar hábitos e atitudes
Pense em o que você consome do planeta: água, vegetais (madeira, alimentos, cana, algodão), matérias-primas não-renováveis (petróleo, minérios). O cultivo dos vegetais tem sido feito de forma a respeitar a terra? A quantidade de madeira retirada de florestas nativas está de acordo com a capacidade dessas florestas em se recuperar? Os estoques de matérias-primas não-renováveis vão durar até quando? É possível diminuir a necessidade por esses itens?
 
Pense em o que você devolve ao planeta: esgoto, gás carbônico, lixo. É possível diminuir esses resíduos? É possível torná-los menos tóxicos? A chave para uma mudança significativa na realidade ambiental é equacionar esses dois lados da balança: consumo e geração de resíduos.
 
Recusar produtos que agridam a saúde e o ambiente
Alguns produtos devem ser simplesmente recusados, pois são extremamente nocivos. Para esses produtos, a pressão do mercado e o boicote por parte dos consumidores são armas importantíssimas para que as indústrias revejam seus processos e para que a tecnologia possa buscar novas alternativas. De forma geral, os produtos não-recicláveis devem ser recusados, pois representam uma poluição muito difícil de ser neutralizada. Um exemplo são as pilhas, que são altamente tóxicas ao ambiente. Atualmente é possível adquirir facilmente e a custos acessíveis pilhas recarregáveis, que são opções muito melhores do que as pilhas comuns, em termos de impacto ambiental.
 
Reduzir a geração e o descarte
Outros produtos podem ser simplesmente evitados, como os descartáveis, que devem ser substituídos por produtos duráveis. O simples ato de reduzir o consumo de certos produtos diminui consideravelmente os impactos sobre o ambiente, pois diminui a necessidade por matéria-prima, diminui a geração de resíduos na fabricação do produto e diminui o resíduo representado pelo próprio produto, quando é descartado.
 
Reutilizar para aumentar a vida útil do produto
Dentre os produtos que consumimos, muitos podem ser reutilizados. Esse ato reduz o resíduo gerado pelo descarte do produto, uma vez que esse terá uma vida útil prolongada. Uma dica é usar produtos que permitam o uso de refil, diminuindo a necessidade por mais embalagens, bem como o uso de embalagens retornáveis. Reaproveitar potes de vidro e de plástico e usar folhas de papel frente-e-verso também são boas atitudes.
 
Reciclar e transformá-lo num novo produto
A reciclagem, geralmente citada como primeira “atitude ecológica” é, na verdade, a última. Os produtos, ao serem reciclados, passam por processos industriais, que consomem água e energia, além de gerar resíduos. Mas a reciclagem é sim uma atitude importante, pois diminui a necessidade de matérias-primas novas e diminui também a geração de resíduos, pois o produto entra novamente na cadeia produtiva. O lixo reciclável não deve ser misturado ao lixo comum e deve ser entregue limpo aos catadores, ou ao sistema público de coleta.
 
Agradeço a minha aluna Carolina Mathias por ter contribuído com este texto.
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