Excelência: os dois lados da moeda
No artigo de hoje, baseado na resenha crítica da minha colega Eliana Gavioli sobre o livro O Jogo Interior de Tênis, de Tim Gallwey, e em minha própria leitura dessa obra literária indispensável aos amantes do coaching e das formas de aprendizagem, ensino e desempenho desse ser incrível que é o ser humano, gostaria de refletir um pouco acerca da busca pela excelência e alguns possíveis caminhos para tal alcance, com suas respectivas consequências.
Em minha visão de mundo, por própria formação familiar, perseguir a excelência sempre foi algo que olhei com bons olhos. Creio que uma boa pergunta nesse primeiro momento seria: o que você ganha e o que você perde buscando uma performance excelente em absolutamente tudo o que faz? Em uma análise superficial creio que as conclusões são de que excelência demanda mais empenho e trabalho do que realizar um projeto ou ação investindo menos do que seria o seu melhor para aquilo, porém é algo bom e que traz resultados melhores, além de uma boa dose de satisfação e realização pessoal. Como seria para você adotar uma postura de excelência? Que tal “fazer bem feito” desde as pequenas ações até os grandes projetos?
A cultura do mundo em que vivemos valoriza a excelência em todas as coisas. Os aplausos vão para quem alcança sucesso e estes são, invariavelmente, os bons e dignos de respeito. Um oásis nesse deserto é o case oriundo do Vale do Silício na Califórnia - EUA (um dos grandes celeiros de empreendedores e startups no mundo), onde os empreendedores que fracassam em suas tentativas são muito respeitados e admirados. O entendimento é o de que o fundamental é a caminhada em si com todos os seus vales e montanhas que fazem parte do processo de aprendizagem e desenvolvimento do próprio empreendedor. Interessante, não?
Retomando a cultura de excelência, há perigos e pontos a se pensar nesse cenário. Pensar que estamos disseminando um padrão social de ação que trará melhores resultados, autossatisfação e autorrealização às pessoas soa muito bem, não? Eu também acho! Ocorre que não se pode criar um modelo mental potencialmente decorrente disso onde a não conquista de um resultado tido como excelente faz de um ser humano alguém fracassado ou não digno de respeito. Um fracasso em um relacionamento, um tropeço na vida profissional ou uma simples derrota no futebol passam a assumir uma proporção muito maior por não estar sendo excelente, segundo um conceito da sociedade contemporânea!
O fato é que não se mede o valor de um ser humano pelos resultados alcançados e amor e respeito não podem depender de ganhar ou perder. Se a grande motivação para buscar a excelência é tentar provar para você e para os outros que é melhor que outro, a insegurança e falta de confiança estão em você mesmo.
Primeira mensagem: Você pode ser excelente sim, mesmo tendo insucessos em sua caminhada! Os insucessos são momentos de profunda aprendizagem e crescimento que constroem uma base mais sólida para seus projetos e sonhos! Perseguir a excelência é algo muito bom e conquistar frutos disso é melhor ainda, porém não se preocupe quando os resultados do esforço não vierem! Prossiga e não desista!
Minha segunda mensagem tem tudo a ver com a forma de perseguir a tal da excelência. A pior forma de fazê-lo é usar o seu consciente com pensamentos do tipo “eu preciso ser bom”, “eu vou ganhar” ou “eu tenho que ganhar”. O segredo está na arte da concentração. Aquiete a sua mente e deixe o seu inconsciente trabalhar tranquilo. Use o seu consciente para dar apenas diretrizes para si próprio e nunca para julgar os seus resultados como sucessos ou fracassos e suas ações como boas ou ruins. O bom consciente é aquele que observa e aprende sem julgar e a boa mente é aquela que está calma e tranquila com seu inconsciente, agindo livremente e usando o pleno potencial do ser humano! Isso sim é perseguir excelência! Dessa forma, o aprendizado é pleno, as chances de bons resultados são muito maiores e a autorrealização fecha a terna com “chave de ouro”!