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Publicado: Sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Eventos mais profissionais

Estima-se que os investimentos em eventos no Brasil atinjam mais de R$ 2 bilhões por ano.

Pouco a pouco, a exemplo do que já tem ocorrido com as grandes corporações, organizar eventos está deixando de ser uma atividade não planejada e amadora para se tornar uma realização meticulosa, feita sob a batuta de profissionais qualificados. Tornando os eventos cada vez mais profissionalizados. Há boas razões para isto, a começar pela questão financeira. Estima-se que os investimentos em eventos no Brasil atinjam mais de R$ 2 bilhões por ano, levando em conta apenas as 1000 maiores empresas do País. Esta informação faz parte dos resultados de uma recente pesquisa realizada pela empresa Fran6 a pedido da seção brasileira da Meeting Professionals Internacional (MPI), entidade especializada em eventos sob a direção da reconhecida profissional de mercado e acadêmica Beth Wada. Apresentado durante o evento SMEC-LA, em novembro, o estudo identificou que a indústria é hoje a principal compradora de eventos, embora haja muito potencial a ser explorado nas áreas de Comércio e Serviços, que apresenta um crescimento vigoroso.

O trabalho deixa claro que nos últimos anos houve grande progresso neste segmento no Brasil, embora ainda falte muito chão pela frente para atingir os padrões sofisticados observados em economias como a norte-americana e européia. Primeiro, a boa notícia: cresceu a confiança das empresas nos profissionais que organizam eventos, a preocupação com controles cresceu, e o próprio mercado, embora concentrado em eventos de porte médio, se expandiu. No entanto, persistem alguns gargalos que impedem a expansão do setor, como explica Danilo Madjarof Sertorio, Gerente de Projeto da Fran6: "se por um lado ainda falta uma boa gestão para grandes eventos, do outro há dificuldade em desenvolver encontros profissionais pequenos e customizados, e o mercado carece ainda de profissionais mais qualificados".

A responsabilidade final pela realização de eventos no Brasil está concentrada em Marketing ou Comunicação em 64% das empresas brasileiras, divergindo do que é praticado nos Estados Unidos e Europa, onde estas áreas não concentram mais que 16% das decisões. Nas economias mais avançadas a responsabilidade funcional por eventos tende a se fragmentar por vários setores das empresas, como Eventos (20% das organizações, três vezes o observado no Brasil), Compras (16% contra 1% no Brasil) ou Viagens (20% versus nenhum caso no Brasil). Outra questão diz respeito ao compartilhamento de Compras na gestão de eventos, algo já observado em 63% das empresas brasileiras, mas ignorado por 37% delas. Enquanto isto, na Europa e Estados Unidos um terço das empresas segue a tendência de delegar ao setor de Compras a palavra final no processo.

A conclusão é que, se a preocupação com a gestão eficiente e profissional de eventos corporativos no Brasil começa a se tornar uma realidade, principalmente para empresas de grande porte, não se criou ainda um modelo próprio que privilegie as características locais e as necessidades específicas do mercado. "O ponto paradoxal é a baixa avaliação da questão da criatividade e inovação das empresas – como gastar pouco e ser inovador ao mesmo tempo?", esta pergunta, deixada no ar pela pesquisa, permanece por enquanto sem uma resposta à altura.

*Este texto foi publicado também na coluna Viagens de Negócio, no Diário Comércio da Associação Comercial de São Paulo.

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