Eu - Obra
Olhe nos meus olhos, é tudo o que peço. Olhe para mim. Devore-me. Entenda-me. Desembarace os fios que me cercam, desate os nós. Nós… Envolvidos em abraços e (entre)laços tão profundos quanto a imensidão da minha alma.
Vem. Minhas mãos o convidam: eu permito. Esqueça a coreografia marcada. Deixe que seus traços, tortos e tão sufocados pela técnica, nos conduzam livremente para a grande dança.
E da sisudez que me é exigida no momento, só aproveite o meu semblante. Sereno e inquisidor. Sério e ansioso pelas suas mãos, geometricamente treinadas para me tocar, delineando cada curva da minha personalidade, construindo cada passo do meu ser.
Ser… Vir a ser e transformar. Deixar fluir seus pensamentos, doces encantamentos sussurrados e transbordados em nanquim. Escorridos no papel. Representados em face.
…Gravados… em mim.
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- domitila gonzalez