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Publicado: Segunda-feira, 18 de junho de 2007

Etiqueta empresarial, um mal que veio para o bem

Etiqueta empresarial é destes assuntos que todos falam a respeito, mas poucos acertam. Como as leis brasileiras, mesmo sem saber, você pode estar infringindo alguma regra a qualquer momento. Como, por exemplo, parar de ler este texto sem sequer dar uma satisfação ao autor. A verdade é que alguém precisava estipular regras para regular relações entre os homens em questões por vezes triviais do cotidiano. Estas normas, que geralmente são apenas variáveis de leis já estudadas em outros campos do conhecimento, ganharam o nome de etiqueta. Essencialmente, surgiram para evitar gafes ou bofetadas, sem o que poderiam tornar a convivência entre as pessoas infernal. Assim, alguém tem que definir quem pega a última coxinha de galinha da bandeja em uma reunião social. Isto nada mais é que uma variável da lei da Economia da oferta e procura, e que rege o que fazer quando há mais gente interessada que bens disponíveis. Ou reger como duas mulheres devem se comportar quando uma delas surge com o namorado da outra em público - uma vertente da regra da Física de que um corpo não pode ocupar dois espaços ao mesmo tempo (ou seria o contrário?). A realidade é que a etiqueta se baseia mesmo é no bom senso. Assim, à primeira vista pode parecer razoável você ter prioridade se estiver saindo e outra pessoa entrando em algum ambiente, como um elevador, ou sala de reunião. Mas nem sempre é assim. Quando se trata de porta de banheiro, é melhor você dar acesso primeiro a quem chega, principalmente se o individuo que ingressa dá mostras explícitas de aflição. E o que fazer com a regra clássica do homem tirar o chapéu e se levantar toda vez que uma dama entrar num local? A idéia não é má, mas com chapéus fora de moda, o movimento feito com bonés fica pra lá de ridículo.
 
Normas de etiqueta mudam, em função do tempo e das situações, e que atendem sempre a uma necessidade social. Se num primeiro momento da humanidade, era possível estabelecer linhas de conduta para garantir a convivência em harmonia de pessoas conhecidas, este equilíbrio se dissipou com o crescimento da população. Em outras palavras, o anonimato é inimigo da civilidade. Explico. Digamos que você vá tomar um avião na Bulgária, onde, a menos que seja um cidadão búlgaro, é um ilustre desconhecido. Descobre que os assentos não são marcados, e há apenas um lugar livre no vôo. Num piscar de olhos, você é capaz de atropelar senhoras e até bebês no seu caminho para garantir o seu lugar. Sabe que tudo vai ficar incógnito lá na Bulgária. Agora transporte esta situação para um aeroporto em São Paulo. Aí, a conversa é outra - principalmente se você suspeitar que a tal senhora que você pensou em atropelar possa ser a mãe do seu chefe. Se você quiser creditar este comportamento a uma regra de etiqueta, tudo bem, mas eu prefiro dar a isto um outro nome.            
 
Etiqueta, real ou virtual
Na prática, convivem hoje no mundo executivo dois tipos de etiquetas. Um deles é o clássico, que dita, por exemplo, se num churrasco você deve usar gravata ou ir de bermudas. O outro provocado pela existência da internet, é mais virtual, e trata de questões como se fica bem você responder um e-mail atrevido que recebeu de outro profissional da empresa. Diante daquela lista imensa de “papagaios de pirata internáuticos”, você precisa decidir se replica ou não com novos argumentos malcriados, e dá início àquelas batalhas cheias de idas e voltas de grosserias que costumam acontecer nas empresas.     
 
No campo da etiqueta tradicional, as regras antigas continuam a prevalecer. Conforme ensina Célia Pereira de Souza Leão, consultora em Etiqueta Empresarial e Marketing Pessoal é preciso promover a comunicação correta entre os profissionais, e que começa pela própria apresentação pessoal. Para ela, ser impecável na aparência é a regra número um. Cabelos bem cortados e penteados, higiene e acessórios sem extravagâncias, e perfumes em doses não exageradas combinados a um guarda-roupa clássico e sóbrio são o passaporte seguro de quem quer se manter por muito tempo na vida corporativa. Veja por exemplo o que ela fala sobre a escolha de meias em sapatos masculinos: “Meias são como juízes de futebol: quanto menos notadas, melhores são. Evite cores contrastantes: meias claras com roupa escura são péssima idéia, sobretudo se forem brancas. Meia branca só se usa com tênis e com calçado esportivo”. Para mulheres, Célia também reserva uma palavra de cautela no ambiente de trabalho. Ela proíbe, para desespero das almas masculinas, decotes e fendas generosas, transparências, mini saia, e bermudas curtinhas. Manda também evitar superproduções, peças extravagantes, sandália de dedo, cores e estampas berrantes. Ou seja, em caso de dúvida, é melhor optar pela discrição.
 
Mas a verdade é que, com o advento da internet, as grandes gafes não acontecem mais nos salões, mas sim online. O que tem de gente fazendo barbeiragem na web não é mole. Quer exemplos? Mandar e-mails pesados que demoram uma imensidão de tempo para baixar, geralmente com piadas sem graça, filosofias de bolso em PowerPoint, ou inspirações de meia tigela com fundo musical digno de elevador. Ou demorar uma eternidade para responder uma simples mensagem. Ou repassar inúteis e desgastadas correntes sobre criancinhas desaparecidas, alerta de vírus, e até orações. Por isto, especialistas dão algumas dicas para você não fazer feio na internet, que repasso abaixo. Espero com isto ajudar você, e não me tornar parte do problema.
 
> Responda logo que possível aos e mais recebidos de pessoas conhecidas ou profissionais.
> Dê uma satisfação com mensagens automáticas caso vá se ausentar por mais de 48 horas.  
> Certifique-se de enviar e-mails apenas às pessoas diretamente interessadas, sem envolver desnecessariamente nomes que nada agregam ao assunto.
> Respeite o tempo dos destinat
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