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Publicado: Segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Este espaço é meu! Esta vaga é minha! Aqui é meu lugar!

Na semana passada, falei sobre o problemão que atitudes impensadas, sobretudo quando envolvem questões raciais, podem gerar às pessoas que dizem o que querem. Como afirma a máxima popular: "quem diz o que quer, simplesmente, ouve o que não quer!".

O assunto, na verdade, trouxe à tona a questão da convivência entre pessoas que decidem ocupar, ou melhor, dividir o mesmo espaço, ou seja, condomínios.

O espisódio que narrei, no qual duas senhores invadiram uma festa e disseram todo tipo de afronta para os convidados, além de apimentar a ação com doses de racismo, não ocorreu num condomínio classe média baixa, mas sim, numa área nobre do Rio de Janeiro. Isso serve para mostrar que baixaria não tem endereço fixo.

Pois bem, a questão da convivência é algo sério, que merece até um estudo sociológico, todavia, quase ninguém dá muita importância. Ocorre que são em conjuntos residenciais que ocorrem os maiores absurdos. O fato em tela aconteceu em Sorocaba, porém, vamos resguardar o ambiente, por questões éticas.

Ocorre que um certo condomínio de casas tem poucas vagas para que os visitantes estacionem seus carros. Numa bela noite de sábado, três moradores resolvem fazer suas "festinhas" (aniversários de filhos ou celebração de bodas de casamento) ao mesmo tempo.

O interfone não pára de tocar:

- Alô, os convidados chegaram! Logo, os coitados dos porteiros ficaram loucos com tanta movimentação, com um tal de entra e sai de veículos daquele residencial.

Em pouco tempo, o espaço ficou pequeno para tantos veículos estacionarem num mesmo local. Repentinamente, dois veículos (um Honda Civic e um Gol) chegaram juntos à portaria do tal residencial.

Nisso, houve, rapidamente, uma disputa insólita e alucinada por uma "rica" vaguinha, naquelo tímido estacionamento, já que ninguém queria ter o desconforto e a preocupação de deixar seus preciosos carrinhos do lado de fora dos muros que protegem a vida condominial.

Então, leitor amigo, imagine a tórrida cena: dois carros chegando juntos a uma única vaga. Como todos sabem, pela lei da física, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço num mesmo momento.

Resumo da ópera: houve "bate-boca" com todo o tipo de palavrões que o leitor possa imaginar (mas que são impublicáveis neste espaço), pois a motorista do "gozlinho" meia boca furou a fila e estacionou na frente do possante Civic, que tinha um senhor engravatado, todo irado por ter sido trapaceado.

A mulher, para não levar o caso adiante, acelerou o passou e foi em direção à sua festa que, por sinal, já estavam cortando o bolo. Embora nervosa, tentou esquecer o drama vivido no estacionamento.

Porém, quando voltou, teve uma desastrosa surpresa, os quatro pneus de seu carro estavam furadinhos da silva. Mas, reparem: não foi um furinho tímido, desses duro de perceber...não fizeram um serviço bem feito!

A pessoa que fez a ação, descarregou toda a sua ira, pois os pneus foram literalmente rasgados a golpes de estiletes. Todavia, o caso não deu em nada, pois nessas horas, ninguém entre ação: ninguém sabe e ninguém viu, nem os vigias estão por perto para impedir que o vandalismo se concretize.

Espaço de todos!

Narrei essa desventura para trazer à tona uma reflexão aos nossos leitores: aquele que se predispõe a morar de forma coletiva tem que ter em mente que não exitem os termos: "minha vaga", "meu espaço". Não! O indivudualismo na área comum cai por terra, pois tudo pertence a todos!
Assim, é preciso tirar do vocabulário dos condôminos o "eu" para inseriro "nosso". "Nosso espaço", "nossa área comum". Por certo, se as pessoas pensarem um pouco nessa questão e forem um pouco mais educadas, umas com as outras, com certeza, a convivência coletiva será menos problemática e mais prazerosa a todos. "A minha liberdade termina quando começa a do vizinho".

Na semana que vem, falaremos aqui sobre os abusos que alguns donos de animais de estimação cometem nos condomínios e como resolver essas questões a partir de regulamentos internos e, naturalmente, com multas pesadas. Quando as pessoas começam a sentir no bolso o peso da irresponsabilidade, a coisa muda de figura.

Até lá. Excelente semana!

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