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Publicado: Sábado, 26 de janeiro de 2008

Estatisticamente Mortos

Todos os homens que passaram dos 69 anos e as mulheres dos 77 se encontram estatisticamente mortos, segundo dados divulgados pela mídia, a partir do último dia 3 de dezembro de 2007.
 
Esses todos, naturalmente, devem detestar sua majestade a estatística, pois se encontram vivendo de favor e não será através dos costumeiros desmentidos, tampouco pelos possíveis esclarecimentos semânticos de que se trata de mero linguajar eufêmico, que a maioria dos “abrangidos” vai se conformar com a informação.
 
Reflexões sobre o tema obrigam-nos a ir muito mais longe. Obrigam-nos a pensar que a ovacionada “qualidade de vida” se encontra muito distante da realidade que, na euforia de um viver moderno, se desgasta excessivamente na intensa labuta do dia a dia. Não nos conformamos com a positiva melhora econômica da população em geral que, em troca se sacrifica cada vez mais.
 
O ideal seria que todos trabalhassem, não apenas com satisfação, num emprego vocacionado, mas com plena suportabilidade, ou seja, sem excessos prejudiciais à saúde. O constante crescimento das cidades, distanciando as moradias de suas fontes recursais de alimentação, educação, lazer, etc., impede fácil acesso a tudo, de maneira que todos necessitam de indispensáveis meios de locomoção, automóveis para os melhores situados na vida, transporte coletivo para os demais.
    
Com tal pano de fundo, conclui-se que as épocas anteriores, com menor desenvolvimento econômico, eram mais agradáveis e a qualidade de vida mostrava-se bem superior. A evolução para melhor sem dúvida alguma decorre do progresso científico para cura e prevenção das diversas enfermidades inimigas da espécie humana.
 
Com o estilo moderno, a vida é prolongada graças às novas orientações para cura e prevenção das doenças. Mas, com a agitação e o corre-corre frenético, que parece aumentar diariamente, aqueles índices ainda se mantêm baixos.
 
Para os homens é muito triste saber que devem viver apenas até os 69 e as mulheres até os 77 anos. Após atingirem essas idades se encontrarão vivendo de lambujem e passarão, portanto, a detestarem as estatísticas, eis que boa parte deles se tornarão avançados septuagenários e octogenários.
 
A única vantagem dessas estatísticas, data vênia, é chamar a atenção para a vida futura na eternidade, onde não há BNH para financiar as milhões de moradias lá existentes.
 
Segundo os esclarecimentos dos agentes terrenos e corretores das siderais habitações, o pagamento deve ser à vista e as cartilhas informativas que nos são fornecidas explicam qual a maneira mais simples de capitalizar, pois se tratam de preços simbólicos, de caráter mais espiritual.
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