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Publicado: Domingo, 14 de novembro de 2010

Escolha sem medo

Escolha sem medo
Toda escolha é um ato de coragem

Toda escolha é um ato de coragem. A cada escolha que fazemos, deixamos muitas outras possibilidades para trás. Com isso aprendemos que não é possível ter tudo; ainda que quiséssemos, não há tempo para tudo nesta vida. 

No momento em que escolhemos ser engenheiro, “abrimos mão” de ser médico ou ator de televisão. Assim também é com o amor. Martha Medeiros, jornalista e escritora brasileira, diz que podemos “namorar um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.” As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços.  

Ocorre que para escolher com segurança é preciso, além da coragem, maturidade emocional e autoconhecimento.  Por isso o momento da escolha profissional tem deixado muitos jovens angustiados: de um lado o medo de errar, condenando-se a uma escolha sufocante ou a uma carreira que não satisfaça. De outro, a perspectiva de deixar para trás tantas outras possibilidades.  

O que fazer? É possível aliviar essa angústia? 

Embora a fase da escolha profissional deva ser encarada com seriedade, sobretudo por envolver um desafio necessariamente difícil, que é a prova do vestibular e o ingresso na faculdade, boa parte das angustias relacionadas a ela tem origem em paradigmas que podem e devem ser quebrados. 

Um importante paradigma a ser quebrado é a ideia de que o vestibular definirá o futuro da pessoa para sempre.  Na verdade, esse momento apenas revela a próxima experiência e o jovem não deve temer o erro, e aqui é bom que se diga que o desejo de voltar atrás e refazer a escolha não é um erro.  É sim uma oportunidade de melhoramento para a próxima escolha.  Aliás, a vida é assim: aprendemos vivendo, com disponibilidade para recomeçar a cada dia, a cada novo nascer do sol, numa sucessão de primeiros passos. E a vida profissional não é diferente: fazemos escolhas e reorientamos a própria carreira, dia a dia.   

Portanto, corrigir a rota da escolha profissional não apenas é possível, como pode se tornar um atrativo na formação universitária. Conciliar interesses por diversas áreas também pode garantir vantagens num mundo que nos desafia a unir ciências e humanidades e a integrar natureza e cultura.   

Outro ponto a ser analisado é o critério que deve pesar mais na decisão: o interesse pessoal ou os rumos para os quais o mercado aponta? Para as correntes mais modernas, o primeiro critério é mais seguro. Ou seja: não adianta o jovem escolher um curso do qual não gosta, pensando apenas no salário futuro.  Primeiro, porque o futuro chama-se incerteza: ele é um caminho aberto e imprevisível. E segundo, porque além das constantes e rápidas transformações do mercado, não podemos negar que a motivação da vida humana sempre esteve associada à busca da felicidade.  Assim, de tudo o que a humanidade pode conhecer o único saber realmente que importa aos homens é viver bem.  

Mas, ainda não posso encerrar essa reflexão sem deixar de dizer que a forma como os pais dão significado aos aspectos profissionais muito pesará na decisão dos filhos. Um gesto vale sempre mais do que as palavras, não é verdade? Ainda bem, afinal é esse o caminho pelo qual transmitimos a visão de mundo aos nossos filhos.  E é só assim também que poderemos ajudá-los a ter coragem de escolher. 

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