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Publicado: Sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Envelhecimento e HIV-AIDS

Envelhecimento e HIV-AIDS

A epidemia de HIV e AIDS em pessoas idosas no Brasil tem emergido como um problema de saúde pública, nos últimos anos, devido a dois aspectos principais: incremento da notificação compulsória de transmissão do HIV após os 60 anos de idade e o envelhecimento de pessoas infectadas pelo HIV nas últimas décadas.

A incidência de AIDS entre os gerontes, está em torno de 2,1%, sendo a relação sexual a forma predominante de infecção pelo HIV. Mas há uma crescente evidência de que esse grupo está se infectando cada vez mais por outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), tais como sífilis e gonorréia.

O número de casos de AIDS, em pessoas idosas, notificadas ao Ministério da Saúde, na década de 80, eram de apenas 240 homens e 47 mulheres. Já em 2005, o total de casos passou para 4.446 em homens e 2.489 em mulheres.

É importante salientar, que estes são apenas os casos notificados e que provavelmente muitos idosos são possíveis transmissores do vírus sem ao menos saber que estão infectados.

Quando nos reportamos ao envelhecimento e AIDS, sexualidade em pessoas idosas deve ser a primeira questão a ser abordada, mesmo não sendo considerada na nossa sociedade com uma atividade própria dessa coorte populacional.

Sim, o exercício da sexualidade das pessoas idosas é algo absolutamente normal! Entretanto, o desconhecimento, o preconceito e a discriminação fazem com que o comportamento sexual dessas pessoas seja visto como inadequado, imoral e até mesmo anormal, fazendo com que os velhos se anulem sexualmente.

Assim, a crença de que o avançar da idade e o declinar da atividade sexual estejam ligados, deve ser impugnada!

Na realidade não é a atividade sexual isolada que torna os idosos vulneráveis ao HIV/ AIDS, mas também o déficit de comunicação com os profissionais de saúde, que não valorizam as queixas sexuais do paciente idoso, este que por sua vez sente-se constrangido em pedir qualquer tipo de orientação. Existe então um ciclo vicioso, que dá abertura para a prática sexual desprotegida.

Sem contar, que o advento dos medicamentos contra impotência sexual masculina, usados cada vez mais de forma indiscriminada por esta população, exerce impacto na incidência dos casos de AIDS. Por outro lado, mulheres acreditam que o sexo desprotegido já não é problema, uma vez que não existe a possibilidade de ocorrer uma gestação.

É de extrema importância que não fechemos os olhos para a sexualidade dos nossos idosos; a prevenção deve se estender por toda a vida, afinal, a velhice conserva a necessidade sexual, não havendo idade na qual a atividade sexual, os pensamentos sobre sexo ou o desejo se esgotem por completo.

Convém aos profissionais estar sempre atento as queixas específicas dos gerontes, para que assim possam fornecer orientações precisas, e auxiliar na quebra deste tabu em relação à sexualidade.

É de responsabilidade pública colocar sempre à disposição de pessoas idosas, preservativo masculino e feminino, assim como gel lubrificante para à adoção de práticas sexuais seguras.

Na cidade de Itu, o teste de HIV/ AIDS, pode ser realizado no Ambulatório de Moléstias Infecciosas, situado na Rua Dr. José de Paula Leite Barros, 136, Centro, e funciona das 7h às 14h.

Para saber mais: "Rompendo o silêncio: desvelando a sexualidade em Idosos", por Marilu Chaves Catusso

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/996/776

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