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Publicado: Sábado, 21 de abril de 2007

Entrevista com Rogério Fujiura - Diretor COBRAP

Amigos,
Neste artigo o Criatório Quinto Dia teve o prazer de entrevistar o amigo Rogério Fujiura, Diretor da COBRAP e guerreiro incansável na luta pela preservação dos pássaros brasileiros, e de nós criadores.
Segue entrevista:
 
Fuji, conte um resumo de sua história? Como se tornou um dos ícones da criação de pássaros no Brasil?
 
Rafael, a minha história é comum a de tantos outros passarinheiros do mundo todo. Na infância, por razões que até hoje a ciência não explica, somos atraídos para esta ou aquela atividade. Criar pássaros, dentre outros animais foi uma predileção, talvez por termos sob nossa responsabilidade tratar do bichinho, dar condições de vida a ele e receber como resposta seu canto, seu reconhecimento. São os primeiros passos para mais a frente estar preparado para galgar outra condição: A de termos uma consciência ecológica e de passarmos a assumir um papel de responsabilidade.
 
Essa história de ícone é um exagero, temos diversos mestres que merecem essa denominação. Acontece que a minha disponibilidade em viajar, a facilidade de fazer amizades e a INTERNET que cria uma celebridade a cada 15 minutos acaba fazendo com que a gente acabe sendo conhecido. Veja que não sou um grande criador, acabo passando essa impressão por apenas retransmitir os ensinamentos recebidos e as observações que faço, pelos diversos criatórios que visito. Se tiver algum mérito – e não se trata de falsa modéstia - é a de querer compartilhar com todos aquilo que absorvo. E aí sim, posso afirmar que tenho certa facilidade para tanto, na forma escrita e falada.
 
Atualmente quais são os grandes desafios dos criadores de pássaros nativos?
 
Poderíamos citar vários desafios, tais como: O preconceito de setores da sociedade em relação à nossa atividade, principalmente pela falta de informação de que a criação em domesticidade é legal, desde que respeitados os parâmetros legais. Mas de todos os desafios, o maior de todos mostrarmos à sociedade a nossa competência, ao invés de ficarmos nos lamuriando com as “injustiças” que cometem contra nós, etc. Sem medo de errar, ou mesmo de desapontar colegas criadores, eu diria ser o nosso maior desafio é atingir a maturidade enquanto cidadões que tem direitos e deveres e que devem exercer a cidadania não por imposições, mas por competência. Digo, com isso, que o nosso maior desafio somos nós mesmos, em deixar de lado interesses e vaidades pessoais e aprendermos a nos relacionar com a sociedade, principalmente através das instituições publicas que normatizam nossa atividade.
 
O que acha que falta ao IBAMA em seu papel perante a sociedade?
 
Apesar do “Meio Ambiente” ser o assunto do momento, me assusta como ele é tratado mais como uma força de marketing do que realmente de convicção por parte de organismos ambientais ou das ONGs da área. O IBAMA é o órgão executor da política do Ministério do Meio Ambiente e muitas de suas atitudes se confundem, pois tem que tomar decisões de caráter normativos e ao mesmo tempo ser o responsável pelas aplicações dessas normas, através da fiscalização. Resumindo, ele tem que ditar as normas e fazer com que sejam cumpridas. Esse acúmulo de funções leva a atos contraditórios, ou retardando ações que são urgentes. Precisaria haver uma reformulação do que é do âmbito do Ministério do Meio Ambiente, do que seria de responsabilidade do Ministério da Agricultura e até mesmo do Ministério da Fazenda, quando há implicações fiscais em função de certas atividades que manejam recursos naturais, terem cunho comercial.
 
Na atual conjuntura, o principal papel do IBAMA, a meu ver, é o de educador ambiental, de normatizador para que possa definir à sociedade como um todo uma política ambiental. Infelizmente, por vários motivos, como o de acúmulo de funções e da escassez crônica de recursos o que vemos é a imagem do Instituto mais como de órgão repressor e fiscalizador.
 
Explique um pouco sobre a questão CONAMA, como isso ameaça a nossa atividade?
 
O CONAMA,  O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90. É um equívoco interpretar que uma resolução que esteja sendo por ela elaborada seja uma ameaça à nossa atividade. Ela é composta por setores representativos da sociedade, inclusive a COBRAP tem assento permanente nos grupos de trabalho, que defendem com veemência suas posições. Cabe-nos sermos eficientes em apresentar nossas propostas e fazermos fazer ver que estamos solidários a qualquer mudança que venha, no nosso caso, a termos uma política justa e exeqüível e condizente com a nossa realidade, inclusive no aspecto dos bons tratos aos animais e à natureza de forma geral. Para tanto, repito, é necessário um amadurecimento de nossa parte no tocante à relação com as Instituições envolvidas. E, principalmente, saber lidar com as diferenças.
 
E as leis, o que muda com esta nova normativa?
 
Infelizmente estamos com as leis defasadas em relação à realidade atual. As normativas são medidas paliativas para que se possa atender à uma necessidade emergencial, não nos dando a necessária segurança para uma legislação em que as regras sejam
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