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Publicado: Sábado, 7 de novembro de 2009

Entrevista com o DeRose em Portugal - Parte 3

Entrevista concedida ao jornalista António Mateus, no Palácio Pestana, em Lisboa, no ano de 2009, transcrita por Alexandre Montagna e simultaneamente por Renata Coura e Maicon Casagrande, com a colaboração de Caio Martareli, Priscila Ramos, Raffa Loffredo, Taline Mendes, Rômulo Justa e Alessandra Filipini. Revisões sucessivas feitas por Fernanda Neis, Alessandra Roldan, DeRose e Camacho.

Depois de transcrito, o texto abaixo foi revisado e convertido de linguagem coloquial em linguagem escrita. Trechos foram suprimidos ou inseridos em benefício de uma melhor redação.

ENTREVISTA - parte 3

Quando o senhor imagina, vamos pegar no “Imagine” do John Lennon, quando o senhor sonha um futuro, sonha o quê? Vê o que no fim dessa viagem?

No “Imagine” eu vejo um credo. O que ele propõe é realmente revolucionário. Até me causa espécie que não tenha havido reações mais virulentas contra aquelas propostas, porque Lennon exorta o indivíduo a superar as limitações de pátria, as limitações de fronteiras. Isso obviamente não agrada nada à maior parte da população, dos governantes, dos poderes constituídos. Querer que todos sejamos um só povo, uma única humanidade. E ao propor “no religion too”! Era de se esperar que todas as religiões censurassem a ousadia. Mas não aconteceu isso. A música é linda e o que nós vemos é que a sua letra é aceita por todos, inclusive pelos governantes, pelos poderes constituídos, pelas religiões em geral. As pessoas gostaram da mensagem de Imagine porque Lennon soube como expressá-la com arte e estética.

Mas o senhor quando mobiliza os seus instrutores, a sua família, a sua egrégora DeRose, está a configurar um futuro. Onde é o horizonte que configura para esta sua passagem pela vida?

Eu diviso, a curto prazo, pessoas mais felizes e mais saudáveis, com uma qualidade de vida melhor. Porque isto é o que as nossas técnicas proporcionam. Em primeiro lugar, maior qualidade de vida. A médio prazo, eu vejo prosperidade. A longo prazo, autoconhecimento.

Uma pessoa que tem melhor qualidade de vida, que tem mais tolerância, que sabe lidar com o ser humano, que sabe lidar com seus superiores hierárquicos ou com seus comandados, sabe lidar com seus clientes, com seus fornecedores, sabe lidar com seus amigos e com a sua família, com as suas relações afetivas, essa pessoa está no controle. Converte-se em um líder. Um líder sereno, carismático dentro do seu respectivo ambiente. Então, a médio prazo, isso proporciona estabilidade. Estabilidade na relação afetiva, estabilidade na família, estabilidade no trabalho. A consequência é prosperidade.

Eu já estou nessa caminhada há meio século. Durante estes cinquenta anos de profissão, tenho observado que de fato as pessoas que seguem a Nossa Cultura, a médio prazo, começam a conquistar a estabilidade, a prosperidade, mais felicidade, maior expectativa de vida.

O aumento da expectativa de vida é conferido, inclusive, pelos bons hábitos que são propostos. Nossa Filosofia ensina a não utilizar drogas, a não utilizar álcool, não utilizar fumo. E buscar hábitos saudáveis. Isto, muito longe de tornar a vida sem graça, torna-a muito mais interessante, porque aumentando a sua lucidez, se você não está sob influência de droga alguma. Então, se você não está sob o jugo de nenhuma dessas substâncias tóxicas, que interferem com a consciência, inquestionavelmente, desfruta de mais felicidade, mais lucidez, percebe o mundo de uma outra maneira e, consequentemente, o mundo e a vida ficam muito mais divertidos. Essa pessoa fica mais feliz de fato. E, a longo prazo, a proposta é aquele estado de consciência expandida que nos conduza ao autoconhecimento.

Esse é o objetivo a nível individual?

No âmbito individual, o autoconhecimento. Se um dia, a humanidade conseguir chegar a esse estado, nós vamos ter uma humanidade muito diferente da que temos atualmente, porque hoje nós partimos para soluções drásticas. Nós sempre observamos que, em um mesmo momento, várias nações estão em conflitos armados. Se conseguíssemos que, senão toda a humanidade, pelo menos aqueles que têm o poder de decisão, aqueles que podem criar leis, aqueles que podem declarar guerras, se todos esses estivessem em um estado de consciência melhor, mais expandido, nós teríamos um mundo muito mais harmonioso. Hoje, nós vemos que, muitas vezes, em muitos países, o governante não quer o bem-estar e a evolução do povo. Até porque, se o povo ficar mais lúcido, é capaz de tirá-lo do poder. Considerando o nosso ideal, nós [a humanidade] não estamos em um momento bom. E a demonstração disso são, justamente, esses conflitos que observamos em várias regiões do globo. Mas se, passo a passo, gradualmente, sem nenhuma intenção de converter pessoa alguma, aos poucos, isso der certo, no sentido de uma expansão para a população em geral, eu acredito que realmente nós vamos ter, num futuro, um mundo muito diferente.

O século XXI já está diferente se nós compararmos a qualidade de vida e o nível de consciência, não apenas de cultura, não apenas de informação, não apenas de ilustração, mas o nível de consciência mesmo da maior parte da população comparada com 200 anos, 500 anos atrás, 800 anos atrás, nós estamos numa curva ascendente.

O senhor regride aos alicerces do nosso existir no (livro) “Eu me lembro”, como quem ganha balanço em recuo para um salto. Esse salto leva-nos para onde?

O livro “Eu me lembro” é um conto ambientado num local, num período, numa civilização em que, até onde nos consta, pela história, pela arqueologia, habitava um povo que vivia em harmonia. A população tinha qualidade de vida, o cidadão era respeitado. Não se encontraram construções faraônicas para os monarcas, nem para o clero, mas encontraram-se casas muito confortáveis para a população. Estamos nos referindo a um período proto-histórico que está situado imediatamente antes do surgimento dos registros históricos. Os historiadores recorreram, muitas vezes à arqueologia, para poder montar um pouco da história daquele povo.

Estamos falando de 5000 anos atrás, 3000 antes de Cristo. E nessa época, nessa civilização, chamada Civilização do Vale do Indo, já havia cidades extremamente bem urbanizadas, saneadas, as casas do povo eram prédios com dois andares, e mais, com átrio para ventilação interna, com o banheiro dentro da casa, c

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