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Publicado: Domingo, 2 de novembro de 2008

Enquanto isso

Crédito: Foto: Nasa Enquanto isso

Secos & Molhados, utensílios domésticos, gêneros de primeira necessidade: bacalhau salgado com alhos em réstia, cereja ao licor na tina a granel, queijo curado de casca suja e muito grossa, fumo de corda e querosene. George Bush, no fim do mandato e há 3 dias sem dormir, quer reunir os líderes mundiais para criar nova ordem econômica. As dezoito luas de Saturno seguem em silente e imperturbável órbita, nem aí para a irmã menorzinha do sistema solar.  O dono da venda faz com o dedo garranchos no nada, farto da lida, da vida e da Cida, a patroa. O cão malhado e sem raça, na porta do armazém, gira em círculos tentando pegar o rabo. No autódromo, o escudo da Ferrari está pelando ao sol do meio dia e meia. Na mansão da Galícia o casal fogoso parte para a segunda, após vinte e cinco minutos de descanso do embate inicial. Nada azucrina a paz do pombal na Quinta das Sequóias, em Sintra. O cão dá trégua ao próprio rabo com o ploft da viúva Ângela ao pisar na poça. O relógio de Bush pára, ser insone no salão oval. Pensa que o antecessor, ali, se divertia muito mais. Sem atentados, sem Osama e sem Obama. “Vende-se esta venda”, vou pregar cartaz na porta, não há viva alma a precisar de nada. Saturno e suas luas prosseguem, sem noção da sua parte no equilíbrio do universo. Alguém da criadagem abre o trinco do pombal. Alguém da escuderia dá partida ao F1 para a volta de qualificação. Alguém será gestado na cópula da Galícia. Alguém alisará o pêlo castigado do cãozinho. Alguém tirará Bush de seu sinistro devaneio, com más novas. Alguém pedirá uma pinga no balcão, fiando como de hábito. Ninguém poderá fazer nada para que as luas de Saturno ensaiem um bailado novo.

 

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