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Publicado: Quinta-feira, 30 de março de 2006

Educação e globalização

O mundo tornou-se globalizado. Atualmente, os pontos mais remotos do planeta estão interligados em tempo real através dos meios de comunicação. Assim, continentes, países, comunidades, empresas e até mesmo os indivíduos tornaram-se completamente interdependentes. Observamos também um crescimento assustador da quantidade de conhecimentos e informações produzidos na sociedade contemporânea. Isso faz com que mudanças que antes se davam em décadas ou mesmo séculos, hoje se efetivem num curto lapso de tempo. E é nesse contexto de mudanças extremas que atua o profissional deste século.
Nesse dinâmico cenário do novo milênio, o profissional bem sucedido - como, por exemplo, o executivo de uma grande empresa - exibe um perfil bem diferente daquele que era esperado há alguns anos. As grandes empresas mudaram a maneira de enxergar e contratar seus profissionais. Um exemplo interessante que caracteriza essa troca de paradigma é o relato de uma psicóloga de uma consultoria, especializada na contratação de dirigentes de empresa do porte da Aço Villares, General Motors, Ciba-Geigy, IBM ou Citibank. Ela conta que, na seleção de profissionais, o fato de o candidato ser uma pessoa que consegue manter amigos durante décadas acaba sendo um dos fatores importante na contratação. Entende ela que pessoas com essa característica se mostram capazes de qualidades como afabilidade, compreensão e gentileza no trato. Esse exemplo mostra que, na atualidade, não basta aos profissionais terem um excelente currículo e um alto QI; outras características também importantes são exigidas.
Levando isso em conta, já se pode eleger um ponto que é merecedor de destaque: a boa escola tem de formar profissionais comprometidos com o pensar crítico e criativo e que também saibam controlar seu emocional. Esse controle emocional é tão importante quanto obter soluções para seus problemas. Sob esse prisma, a fórmula para o sucesso está numa combinação equilibrada de conhecimento teórico e autoconhecimento. A globalização, o adensamento populacional e o intenso convívio social tornam mais rara a possibilidade de sucesso solitário. O principal desafio da escola consiste em entender as diferenças nos perfis intelectuais dos estudantes e formar uma idéia de como desenvolvê-los. Para que isso seja viável, é necessário que todos os seus membros trabalhem juntos ao longo do tempo para estabelecer seus objetivos, criar meios para atingi-los, mecanismos para avaliar progressos e métodos para mudar os rumos, fazendo as correções necessárias. Na busca de soluções combinam-se interações e aprende-se a explorar possibilidades, buscar alianças e parcerias.
Outro aspecto igualmente relevante é que, numa instituição de ensino, educação, ciência, arte, tecnologia e cultura devem alicerçar-se nas prioridades do local, da região. A especificidade do trabalho da instituição exige de seus integrantes a constante busca do equilíbrio adequado entre as demandas que lhe são socialmente exigidas e os saberes e as inovações que surgem do trabalho de seus professores, estudantes e funcionários tecnico-administrativos. Dessa forma, a escola passa a construir cidadania. Em outros termos, quando essa preocupação se tornar visível nas salas de aula, nos laboratórios e nas atividades extra escola, as ações se harmonizam numa ação cidadã.
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