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Publicado: Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Eduardo, além do Bem e do Mal

No último sábado, logo pela manhã, toca o telefone. Perguntam se li o artigo assinado pelo estudante de jornalismo Eduardo Passos, publicado na página 2 do Jornal Periscópio. Foi o que fiz encerrado o telefonema e confesso que me espantei. Eduardo toma posições claras em favor da liberação do aborto. Afirma que o problema nada tem a ver com a religião de ninguém. Talvez não saiba que muçulmanos e budistas, espíritas e protestantes, ortodoxos e católicos, rejeitam como crime nefando a agressão das mães contra os filhos que trazem no próprio ventre.

Pela foto Eduardo parece um jovem simpático. Penso que deve ter entre 20 e 25 anos de idade. Portanto é pouco vivido. Certamente ainda não leu os trabalhos que vêm sendo publicados há décadas por juristas e políticos, educadores e médicos, cientistas e líderes religiosos, que vêm refletindo sobre o direito dos nascituros à vida. Também não deve ter assistido ao filme “Grito Silencioso”, que 100% dos que assistem vão até as lágrimas, vendo nos latões de lixo as partes esquartejadas de fetos conscientemente assassinados pelos próprios pais. Recomendo que o jovem Eduardo procurasse ler “Bebês Para Queimar”, obra de jornalistas ingleses. É de arrepiar o que acontece em países de primeiro mundo, como a Inglaterra. Saem dos hospitais e clínicas dezenas de caminhões carregados com fetos, devidamente pagos, para indústrias que os irão transformar em cosméticos.

Sou um homem vivido. Tenho 78 anos completos. Lecionei em Universidades por vários anos e li tudo o que pude sobre o direito à vida, o primeiro e mais sagrado dos direitos humanos. Essa mesma vida que o Eduardo recebeu de seus pais. Escrevi centenas de artigos e vários livros refletindo à luz da ciência, e não somente sob o enfoque da minha fé, sobre a geração de filhos como uma das mais importantes funções da sexualidade humana. Continuo coletando dados a favor da vida dos que ainda não nasceram. Fico atento a todos os projetos abortistas que tramitam pelos Parlamentos do mundo.

Em mais de 55 anos de sacerdócio, tive contato com adolescentes, jovens e adultos, homens e mulheres, leigos e cientistas. Troquei idéias sobre os casos de sexualidade, o casamento e a família, o direito e o dever de gerar filhos, o conceito do sexo não somente como fonte de prazer, mas dom concedido pelo Criador. Conheço muito bem a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os termos do Acordo de Costa Rica, a Declaração dos Direitos da Criança e as Constituições de vários países. Sintonizando com grandes cientistas e respeitando a opinião de conceituados juristas, defendo a vida dos nascituros, pouco importando se foram concebidos ou não como deveriam ter sido. Hoje se pode contar nos dedos das mãos quantos juristas são favoráveis à pena de morte dos maiores criminosos. Vida é vida!

Teria ainda muito a dizer ao jovem Eduardo, ajudando-o a refletir melhor antes de escrever contra a vida de seres inocentes e indefesos. Insisto que ninguém estaria vivo, com a oportunidade de ter uma existência saudável, dedicando-se aos estudos e ao trabalho, caso tivesse sido abortado e jogado em algum latão de lixo qualquer. Sem o sagrado direito de nascer, que outro direito poderíamos ter?

Sei que a imaturidade e o sentimentalismo podem se sobrepor a uma reflexão séria e responsável em busca da verdade. Espero que tenha sido a primeira vez que o jovem Eduardo tenha se posicionado tão infantilmente, não apresentando nenhuma razão séria e científica em favor do aborto. Desculpo-o pelas agressões de suas referências deseducadas e intolerantes aos que defendemos valores sagrados e as graves distorções sobre posições sérias da Igreja que amo e sirvo há tantos anos. Acho que o artigo do estudante de jornalismo foi longe demais. Espero que os ituanos possam rejeitar essa posição tão radical contra os nascituros. A vida é sagrada. Deus é seu autor e um dia a cobrará de todos.

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