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Publicado: Segunda-feira, 15 de setembro de 2014

E se não existisse TV ou Internet?

Embora interessante, muita gente acharia esse pergunta uma idiotice. Onde já se viu tamanho absurdo pensar uma coisa dessa? Afinal, para a grande maioria, sobretudo na população mais jovem, é quase impossível a vida sem esses recursos modernos, tesouros da ciência e da técnica. Ainda que num sacrifício do pensamento, vamos imaginar a vida sem essa parafernália toda. Para os aficionados de plantão, qualquer crítica ou incriminação dirigida a esses “ídolos” é irracional. Concordam com eles outros vários grupos de interesse entre eles os produtores e comerciantes e é claro aqueles que têm nesses meios de manipulação de massa seus mais fortes aliados.

Enfim, restringindo nossa reflexão o que estariam fazendo as crianças, adolescentes e jovens sem a TV e a internet? Resposta simples: as mesmas coisas que faziam antes dessas tecnologias. É claro que a um “preço” nada parecido, considerando as demais mudanças ocorridas na vida pessoal, familiar e social.

Antes, as pessoas gastavam seus tempos livres no convívio familiar, conversas, visitas ou telefonemas, na leitura de bons livros. Agora, além da grande diminuição dos tempos livres, os que sobram mal dão para as novelas, redes sociais, vídeos e mensagens...

Antes, as crianças gastavam seu tempo nos lares em companhia ora da mãe, ora dos irmãos, ora do pai, ora de alguma babá... com brinquedos ou brincadeiras simples, mas reais e saudáveis: bola, pião, pega-pega, bonecas, carrinhos, amarelinha, montagens... Colaboravam com as tarefas da casa e estavam mais afastadas dos vícios e da vadiagem. Agora elas têm como fiéis companheiros a TV, o Ipad, os videogames, os celulares, os brinquedos eletrônicos onde se tornam meros observadores e admiradores de suas “genialidades artificiais”, quase sempre isolados de pessoas reais, matando a natureza social do ser humano.

Antes, tínhamos escolas baseadas na convivência, na presença atuante da professora, nos livros, cadernos, lápis, borracha, régua e canetas; quadro negro e giz... Viam, ouviam, falavam e faziam... Agora são cada dia mais telespectadores e manipuladores de máquinas. Computadores e Ipad têm presença garantida e até obrigatória, mesmo nas escolas infantis. Será que ainda o professor é a peça fundamental na sala de aula?

Aonde queremos chegar?

Enfim, nem vilãs, nem santas, a TV e a Internet em parceria bem sucedida com os celulares, continuam se integrando vorazmente na vida do ser humano, não poupando crianças, adultos e idosos. Aliás, falando em celulares, o fenômeno ganha níveis ainda mais assustadores e preocupantes. Criado para ser um meio de telefonia móvel, acabou se transformando num verdadeiro objeto “sem limite”, um faz-tudo, um computador verdadeiramente portátil. Um verdadeiro carrapato; grudado no hospedeiro, acaba sugando seu tempo, seu sossego, seu descanso, sua privacidade, podendo interferir em suas ideias, seus rumos e sabe-se lá o que mais...

Afinal, somos ou não donos do nosso nariz? Temos ou não a liberdade de escolhas e decisões, de definir os rumos da nossa vida? Ou será que já estamos dominados, acomodados aos ditames do mundo?

É claro que não podemos ser simplistas e radicalmente “do contra” e não reconhecer suas utilidades. Mas, sempre serão necessárias as devidas cautelas e os devidos controles da ciência e do progresso. E, se o novo encanta e seduz, igualmente domina e escraviza; é bom pensar que não é necessário concordar, muito menos aceitar e seguir tudo que o mundo nos oferece ou impõe.

É claro que esses meios modernos cumprem o seu papel de “cuidar” e manter ocupadas nossas crianças e de quebra ainda ensinam a elas “tantas coisas”, a ponto de torná-las “espertas” e muito distantes de nossas “bobinhas” crianças de antigamente que não sabiam nada de apertar botões, de joguinhos eletrônicos, de redes sociais, nem de agressões virtuais, mas não praticavam “bulling” nem iam armadas à escola.

Ah...aprendiam a ler, a escrever e a pensar...; aprendiam educação e respeito pelos pais, professores e seus semelhantes.

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