Colunistas

Publicado: Quinta-feira, 12 de março de 2015

E que a minha filha não se torne uma super mulher

Crédito: Internet E que a minha filha não se torne uma super mulher

Sabe, talvez esse texto tenha nascido em reflexo aos diversos textos que li no último domingo, dia 08. O dia das mulheres. Sim, acho que ele foi inversamente inspirado nesses textos quase que feministas ao extremo. E por falar em feminismo, deixa eu logo explicar, eu dou graças cada vez que lembro que algumas mulheres, na decáda de 60, tiveram a coragem de quiemar o sutiã em praça pública em nome da igualdade, em busca do respeito e em prol de conquistar um espaço que hoje, desfrutamos.

Quando eu digo feministas ao extremo, claro que me refiro ao execesso, sabemos que tudo que é exagerado, não é saudável. Não sabemos?

Pois bem, domingo, meu Facebook (acho que o seu também), foi bombardeado com mensagens sobre o dia das mulheres. Mensagens exaltando a beleza da mulher, a força da mulher, a facilidade em que nós, mulheres, temos em lidar com vários assuntos e vários problemas em um único dia. E até aí, você deve estar dizendo para si que não vê nada de mais nisso. Nem eu. O problema é que junto com essas lindas mensagens, outras nem tão lindas, sobrecarregaram a minha página.

Mulheres demonstrando através de frases, o quão fortes são, o quanto os homens hoje, são facilmente dispensáveis caso não se adquem ao jeito de ser da mulher moderna, o quão autosufiente são.

Bom, não sei quanto a vocês, talvez muitas descordem de mim, mas sei lá, eu me assusto um pouco com essa onda de "super mulheres" que dizem para o cara: Se você não quer, tem quem queira. Que pregam a tal da "lei do desapego", que se mostram fria, com um batom vermelho e um salto dezoito.

Eu concordo que temos que ter autoestima, que temos que saber nos colocar sempre em primeiro lugar, que não devemos permitir que brinquem com a a gente como se fôssemos brinquedo, mas, se a máxima de que a gente atraí aquilo que a gente emana, que tipo de homens essas mulheres esperam atrair quando elas mesmas hoje fazem o que eles tanto já fizeram conocos em um passado não muito distante?

Poxa, temos mesmo que nos tornar frias para sermos felizes? 

Mulher de atitude sim, mas mulher que brinca com o sexo oposto só porque já serviu de brinquedo algum dia? Pera lá, minha gente! Cadê aquela mulher que se emociona com um sorriso? Que permite que seus olhos se encham de lágrimas ao ouvir um "Eu te amo"? Na minha opinião, essas sim são exemplo de mulheres fortes, porque elas não se escondem em uma armadura, elas se mostram como são: Sensíveis, porém determinadas. Frágeis, porém guerreiras. 

Sim, a vida para nós parece ser mais difícil do que para eles, que ficam deitados no sofá enquanto nós, após um dia exaustivo de trabalho, ainda temos serviços doméstico a fazer, entretando, será que isso nos dá o direito e será que vale a pena nos tornamos igual a eles?

Em um dos meus livros e filmes prediletos, P.S Eu Te Amo, a personagem Denise é dona de uma fala interessante e que demonstra um pouco esse novo conceito de mulher:

 - Ele é gostosinho não é? Da pra servir café naquele bumbum. 

- Por que tem que ser tão vulgar com os homens? como fossem pedaços de carne.

- Me desculpa John, sei que é sensível por causa do seu bumbum achatado.

- Sabe Denise, é por isso que não está casada. As mulheres agem como os homens depois reclamam que eles não as querem.

- Ah! É por causa disso? Ta bom. Por que achei que era algo diferente. Achei que era por que eu pensava que eu merecia o melhor. Ele está por aí, apenas está saindo com as garotas erradas. E eu vou ser clara, após séculos de homens olhando meus peitos em vez de olhar meus olhos e apertando meu bumbum em vez de apertar minha mão. Agora tenho todo o direito de olhar para o traseiro de um homem com a apreciação vulgar e barata, se eu quiser.

Acho que não preciso falar muita coisa sobre esse trecho, não é? 

Sou romântica ao extremo e por isso, talvez, eu tenha mesmo certo dificuldade em aceitar esse modelo de mulher que se diz feliz do jeito que é, competindo com os homens para ver quem pode mais. Esse modelo de mulher que se diz não chorar por um homem, que estampa na testa a frase: A fila andou.

É... sou romântica demais, porque eu não me arrependo das fossas que tive por algum amor não correspondido, não me arrependo pelas as vezes em que me expus ao falar sobre os meus sentimentos sem saber o que aconteceria depois e eu espero que a minha filha, que hoje tem 9 anos, um dia não se arrependa também, porque por Deus, a gente cresce com isso e parece que essa nova geração de super mulheres, quer nos tirar o direito de sermos simplesmente nós, mulheres que riem e que choram.

Podemos rachar a conta do restaurante e dançar a noite toda em cima de um salto agulha,e ainda sim, acreditarmos nos sentimentos. Não precisamos nos limitar na crença ultrapassada de que para ser feliz, precisamos de um homem ao nosso lado, mas, não precisamos também pregar a nova crença de que a mulher prefere um copo de martine e vários homens aos seus pés ao invés de um homem deitado no sofá enquanto ela cozinha. 

Esse artigo não se trata deles. Se trata de nós e de comos estamos anulando os nossos extintos de mulheres sensíveis (mas não submissas) em nome de uma mulher forte que para mim, na verdade é fraca.

Poderosas, seguras e decididas sim, mas frias, devastadoras e emocionalmente bloqueadas, não, por favor!

Comentários