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Publicado: Segunda-feira, 22 de maio de 2006

E por falar em tese

Eco aborda, com conhecimento e muita profundidade, questões como: o que é uma tese?, a quem nos dirigimos, como proceder, limites do campo de acção a ser observados, efeitos subsequentes (e por que não colaterais?) pós-tese para os felizardos que dedicaram longos anos de trabalho até poderem finalmente ver o produto final. Orienta os interessados no que se refere à organização de súmulas, fichas, anotações de pesquisas e estudos feitos. Segundo Eco, uma tese é como um porco, nada se perde e, certamente, tudo se aproveita

Os semestres são marcos de novas etapas, para aqueles que estudam. Tratam da conclusão de um período escolar de um curso, do início nos cursos de mestrado, ou mesmo dos estudos com vista à preparação de uma tese de doutorado. O assunto da tese deve ser objectivo pensado em primeiro lugar, para aqueles que iniciam seus cursos de mestrado ou de Licenciatura, a fim de, posteriormente, transmitir conhecimentos aos novos estudantes.

Os estudos e matérias a ser cursados nos dois ou três anos que seguem, deverão estar orientados para esse objectivo. As teses tratam de um assunto inédito, ou releitura de um trabalho já existente, que irá contribuir para a área de conhecimento que o aluno seleccionou.

Existem livros de como se faz uma monografia de mestrado ou tese de doutorado. Lendo estes guias que quase sempre tratam do assunto mecanicamente, encontrei o livro "Como se Faz uma Tese", do escritor Umberto Eco, que oferece muito mais em termos elucidativos. Eco aborda, com conhecimento e muita profundidade, questões como: o que é uma tese?, a quem nos dirigimos, como proceder, limites do campo de acção a ser observados, efeitos subsequentes (e por que não colaterais?) pós-tese para os felizardos que dedicaram longos anos de trabalho até poderem finalmente ver o produto final. Orienta os interessados no que se refere à organização de súmulas, fichas, anotações de pesquisas e estudos feitos. Segundo Eco, uma tese é como um porco, nada se perde e, certamente, tudo se aproveita.

Se um dos objectivos é ver este documento publicado e circulando em mãos de pessoas não familiarizadas com o tema, a comunicação deve ser clara para que todos tenham a oportunidade de entender o assunto. Assuntos científicos, são mais fáceis de escrever(?), pois serão apenas para uma pequena comunidade que facilmente entenderá os símbolos e os resultados atingidos. É como o citado escritor coloca "as teses e seu paradoxo: a pesquisa e a formalidade; os núcleos de investigação e o título, ou seja o descompasso entre descobrir uma tese e fazer uma tese".

No âmago da questão, a tese se apresenta como a última oportunidade para superar a deficiência de uma formação recebida por muitos. Trata-se de facto lamentável, pois os estudantes deveriam estar motivados, desde a mais tenra idade, à pesquisa, à organização de dados necessários, para essa etapa do estudo adulto. A tese representa um passo importante na formação profissional, e não uma forma de consertar o que não foi apreendido durante muitos anos de bancos escolares.

E os louvores, dessa árdua batalha, serão com certeza inesquecíveis, quando o aluno finalmente tiver em mãos, o trabalho de pesquisa concluído.

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