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Publicado: Segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Domingo

Crédito: Marcelo Rayel Domingo
Um domingo de sol

Há anos em Santos que o verão é um aguaceiro só. Chove muito, chove demais...

Já vou avisando que esse ano é ano de chuva por aqui. Choveu bem e legal até pouco tempo atrás, questão de dias.

Uma trégua nesse fim-de-semana. Sábado e domingo de sol. E o bom é que até agora não anda fazendo aquele calor de matar, aquele calor de tirar o juízo, o humor, a solidez física e psicológica.

Larguei tudo o que tinha para fazer e fui à praia.

A foto que ilustra a coluna de hoje foi tirada ontem. Ao fundo a Ilha Urubuqueçaba e mais ao fundo, bem atrás, a Ilha Porchat, já em São Vicente. Ontem o negócio estava bom. Praia de céu azul, aberto, solão, mas tinha-se a impressão de que haviam ligado o ar condicionado. Um frescor de primavera, definitivamente.

Futebol, frescobol, caminhadas à beira-d'água (uma tradição santista), crianças brincando, gente tomando sol, uma típica tarde de domingo.

Verão para o santista tem o significado de cor, luz, expansão. O santista sempre foi um povo outdoor: feito para ficar na rua, raramente em casa.

É uma vivência diferente para quem vem passar a temporada aqui. As pessoas que vêm a Santos para passar a temporada (acreditem, ainda existem!) procuram uma espécie de filme de férias, aqueles romances de verão, bem água-com-açúcar, exibidos na sessão da tarde. Aquele lance de sossego, paz, alegria, praia e muito beijo na boca.

É uma abordagem meio que na base do não sei se estarei vivo, e aqui, no ano que vem... Uma espécie de Carpe Diem. Quando equilibrado, qualquer santista curte junto. Quando não, é um pererê daqueles.

A vivência do santista já é um tanto quanto diferente. Não há um Carpe Diem exatamente. Porque, para o santista, tem sempre o dia de amanhã. E santistas também morrem, também perdem o emprego, também se deprimem, também tem romances que se acabam, também há luto. Nem sempre o dia de amanhã será aquela delícia. Portanto, o momento do santista é um tanto quanto diferente.

O santista vive um domingo de sol como se estivesse recebendo alguma visita na sala-de-estar. Como um tradicional anfitrião britânico no chá-das-cinco, acolhe o visitante com silêncio e contemplação. E repara um domingo de sol como o de ontem como um lagarto no deserto, atento a nada, apenas celebrando com os olhos a beleza diante de si. Sem abrir a boca, o sol invade a derme e a hepiderme junto com o cheiro inebriante do mar. A paz vai se instalando aos poucos e quando se vê o tal silêncio soa quase como uma forma de oração, aqueles pequenos momentos de harmonia e comunhão com a natureza.

Férias de verão à beira-mar tem a sua magia. E é bom que essa magia dure sempre (com os devidos cuidados e sem excessos). É bom ver pessoas de passagem na cidade encantadas com o pôr-do-sol-de-verão,  ou nos bares, casas noturnas e congêneres celebrando a alegria de mais um dia de sopro, aquele mesmo instalado por Deus nas narinas de sua primeira mais querida criatura. Peles bronzeadas são bonitas de se ver. Um mundo de sorrisos é gostoso demais.

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