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Publicado: Sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Distância

Há distância de todo tipo. Distância de querer ficar longe para esquecer e não ver. Distância que quanto mais longe está, mais difícil fica de esquecer.
Há distância de território, distância de gente, distância de emoção, distância de corpo. Mas não há distância maior do que distância de alma.
Distância de alma é aquela que vai tirando o sabor da vida, comendo os momentos de virtude, esquecendo as horas do encontro. Distância de alma é uma brecha que separa a vida, põe a gente de escanteio e nos manda para o banco de reserva. Ficamos, então, assistindo o jogo e torcendo, paralisados na segurança do nosso conforto.
Tem distância que é longe, assim como a das estrelas. Tem distância que é perto, assim como a do abraço.
Eu sempre penso que saber a exata noção da distância necessária para viver é uma coisa boa.
Saber quando o longe está significando perto. Saber que o coração não pode estar longe nunca, porque essa distância engana a escolha. Saber que podemos estar longe e mesmo assim nos sentirmos perto. Saber que estar perto não significa estar junto. Saber que estar longe não significa estar distante. Saber que distância de corpo não é o mesmo que distância de alma. Saber que cada distância tem uma cor característica, que lhe é peculiar. Saber que o que era longe pode se tornar próximo. Um sonho, por exemplo. E o que era próximo pode se tornar distante.
Saber que para onde eu for, me levarei junto. Então não adianta ir para tão longe, porque a distância mora dentro, muito mais do que fora. Saber que a distância, qualquer que seja, é uma escolha. E que podemos escolher a cada momento transformar a distância em encontro.

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