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Publicado: Terça-feira, 22 de novembro de 2011

Diferentes visões de mundo!

Estive em dois aviões esta semana, um de cada uma das nossas mais conhecidas empresas aéreas. Casinho básico da primeira: como boa obsessiva, já que eu tinha que pegar um avião às 21:30, precisava chegar para o check in às 20:30 e eu – com medo do trânsito das 19:30 – cheguei às 20:00. Fui para o totem pegar meu cartão de embarque. Mensagem: vôo fechado. Quase enfartei. Fui ao balcão da companhia, a novata do balcão me disse, sem convicção, que às vezes o sistema fecha para atualizar. Eu disse que achava que não, achava que o vôo tinha sido cancelado e que eles não tinham avisado o passageiro (no caso, a passageira, eu). Mas nem levantei a voz. A mocinha foi consultar um, outro, mais um, e me disse que ainda havia lugar no vôo das 21, se eu me incomodava. Claro que não, sempre prefiro chegar mais cedo!

O segundo vôo, de volta, estava marcado para as 21:10, porque a pessoa que agendou estava com medo da distância entre o local do evento ao qual fui e o aeroporto (que no fundo era quase nenhuma). O evento acabou às 17, chegamos ao Santos Dumont às 18:00, tentamos antecipar. Éramos três, o mocinho do balcão disse que sim, que só tinham 4 lugares disponíveis, mas mesmo assim ia conseguir nos colocar juntos. Conferiu muito bem nossos documentos, emitiu os cartões e lá fomos nós. Como ele ofereceu três juntos na fileira 13 ou na última, comecei a achar que havia pelo menos 6 lugares vagos, mas decidi não discutir. No embarque, de fato a moça da porta do avião conferiu bem de perto os documentos com os cartões de embarque. Entramos no avião, que de fato estava cheio, mas tinha lugares vagos.

De repente, chega uma moça que tinha marcada a mesma poltrona que um de nós. E de fato tinha. A comissária foi ver do que se tratava e disse que de fato tinham feito isso, mas que o sistema não o aceitaria. Pediu para ver o meu cartão e começou a rir. Os dois cartões de embarque, conferidos tão de perto, eram para o mesmo lugar, na verdade, o meu, e ambos tinham o meu nome. A minha coleguinha se chamava também Ana Maria. Mas tudo deu certo, no fim. Maravilhas da informática! Ou erro humano, será? Mas, seja como for, ao sair do avião dei-me conta de que meu broche, que eu tinha dado para minha mãe e que agora é meu todo meu, tinha desaparecido. Voltei ao avião, depois de todos os milhares de passageiros saírem, a comissária e eu entramos de volta e eu o achei...E isso é maravilha das pessoas.

No Rio (claro que os vôos eram de cá para lá e de lá para cá), a primeira coisa a declarar é que no Bom dia Rio eu tomei um susto porque estava rolando uma discussão sobre especulação imobiliária: na comunidade do Alemão, agora pacificada e já com perspectivas de regularizar água e esgoto, os aluguéis já estavam começando a subir exponencialmente. No café da manhã no hotel, às 07:00, salão cheio, todo mundo vestido de roupa de trabalho...deve haver uma segunda turma bem mais tarde, os turistas, aiaiai.

E, depois do trabalho, para chegar ao aeroporto, passamos pela comunidade do Alemão (enorme, uma extensão inacreditável) e pelo cemitério do Caju, segundo nosso taxista o maior da América Latina, mas que na verdade é três...Vivendo e aprendendo.

Há algumas coisas, além da solidariedade para encontrar o meu broche, que me mostram o quanto eu estou errada sobre todas as percepções que consigo ter. Esta semana (desculpe Clara), ao chegar à academia, eu me dei conta de que fazia tempo que eu não via um professor sempre presente. Perguntei por ele na portaria. Resposta: ele tem vindo normalmente, mas por acaso hoje faltou porque teve um acidente de carro e está no hospital. Mas a história era outra. Ele e mais um professor tinham sido convidados pelo marido de uma aluna para irem ao Pantanal. Foram de jatinho, chegaram à fazenda e a opção de lazer tinha sido entrar num carro desses de fazer trilha (não sei muito bem do que se trata) e o anfitrião, ao volante, corria a 90 km/h numa pista que não era nem estrada de terra, era mato! Resultado, o carro capotou, deu uma série de voltas. Aquele de quem eu tinha perguntado quebrou algumas costelas, vai ter que operar ombro e sei lá o que mais. O outro apenas bateu um braço e ficou roxíssimo. Conversei com ele ontem, ele me disse que depois de parar só ficou procurando fraturas expostas. E como ele tinha operado o ombro recentemente, por um problema ortopédico, e ainda estava em recuperação, só torcia para que nada acontecesse. O anfitrião, claro, nada sofreu. Mas como eles estavam no meio do quase nada, demorou até passar alguém para eles poderem pedir socorro. E aí, chegaram à cidade, aí o jatinho, aí São Paulo. Comentei com o que estava ontem trabalhando que ainda bem que o ano estava acabando, porque afinal a cirurgia e depois o acidente... resposta: eu achei que para mim o acidente foi uma super sorte. Fui obrigada a concordar. Dois minutos depois tocou seu celular e era sua filha dizendo que tinha saído o resultado do vestibular e que ela tinha entrado na faculdade.

E o que pensar das pessoas muito longevas? Tenho na academia (desculpe de novo, Clara) uma amiguinha de 84 anos. Fazia tempo que eu não a via e perguntei que aulas ela vinha fazendo. De novidade, segundo ela, apenas jump (para quem não sabe, é uma modalidade em que se pula numa cama elástica fazendo todo tipo de exercício). Em compensação disse que, quando foi ao médico, ele até se assustou com o salto que ela deu para fora da mesa de exames, ignorando a escadinha. Tenho na vida uma amiguinha que fez 97 anos esta semana. Fomos comemorar seu aniversário, ela queria camarão. (gota, que é isso?). Caipirinha, claro. A cabeça dela está ótima, perdeu um pouco de audição e suas pernas de fato deixam a desejar. Mas uma vitalidade de dar inveja. E, finalmente, fui a uma comemoração em que se homenageava alguns ícones da Medicina. Um deles, que já era professor titular quando eu fiz faculdade informou, no seu discurso de agradecimentos, que no final de novembro comemoraria seu 100º. Ele andou, quase ereto, sua voz estava só um pouco mais fraca... inacreditável.

Férias, final de ano... sorte dos alunos. Todos os demais continuam na labuta. Por quê?

Beijos, boa semana.

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