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Publicado: Terça-feira, 24 de abril de 2007

Dietas da moda versus planejamento alimentar

A assustadora incidência de obesidade no mundo é decorrente de um balanço energético positivo. Cada vez mais, a população ingere mais calorias e gasta menos energia. A base do tratamento dietético da obesidade é a prescrição de uma dieta hipocalórica que favoreça o déficit energético. Este seria o lado mecânico do processo, entretanto, a OBESIDADE, ou ganho de peso, é MULTI FATORIAL, e bastante complexo, nos quais fatores metabólicos e psicológicos atuam concomitantemente.  
 
A redução de calorias, independente da qualidade nutricional ou da distribuição dos macronutrientes, favorece a perda de peso. Porém, esta falta de cuidado com a qualidade nutricional e especialmente com os macronutrientes tem levado milhões de pessoas a optarem por DIETAS DA MODA.
 
Em 2001, revisão científica de diversas dietas populares mostrou prós e contras referentes a tais dietas da moda, ou populares, como são conhecidas e concluiu-se que estes modismos estão mais preocupados com os programas comercias que fornecem, do que com o cuidado em proporcionar uma perda de peso que possa prevenir doenças metabólicas, que ensine realmente o paciente a se alimentar em diferentes situações, e também que se preocupe em dar condições para que o paciente possa manter seu peso ao longo da vida (HALTON et al, 2005).
 
Por outro lado, a revisão nos traz evidências de que alguns aspectos dessas dietas não convencionais devem ser considerados. O primeiro aspecto é que algumas dietas têm um forte apelo que pode auxiliar a adesão dos nossos pacientes e o segundo é que muitas delas focam o tipo de macronutriente, o que abre uma discussão para uma melhor recomendação nutricional.
 
Nos últimos anos muitos trabalhos enfatizam o papel dos macronutrientes na perda de peso e na manutenção da boa saúde, e discorrem sobre o efeito dos vários tipos de dietas com as mais diversas composições. Muitas delas que levam a uma perda de peso não adequada, constituída de perda de líquidos e restrições severas que levam a uma dieta nutricionalmente inadequada (GARDNER et al, 2007).
 
Indiscutivelmente, o elemento mais importante na dietoterapia da obesidade é a redução da ingestão energética, porém se o paciente apresentar risco cardiovascular, estes macronutrientes devem ser revistos cuidadosamente.
 
A dieta convencional, com a proporção estabelecida porcentualmente de gordura, de proteína e de carboidrato pode ser adaptada de acordo com as características e necessidades do paciente. Pensar no tipo de gordura e no tipo de carboidrato do que apenas na proporção entre eles, é também muito significativo.
 
Os estudos recentes demonstram que a simples substituição de gordura por carboidratos pode induzir hiperinsulinemia, hiperglicemia e diminuir o HDL. Com isso, tem-se que a troca de gordura por carboidrato, sem restrição calórica e conseqüente perda de peso, mantém os mesmos riscos para doença cardiovascular (EBEELING et al, 2005).
 
Portanto, a recomendação dietética deve favorecer o balanço energético favorável e enfatizar a troca de saturados e trans por não hidrogenados e insaturados. Com relação, aos carboidratos é importante considerar que o ideal é a utilização de carboidratos complexos em substituição aos refinados. Bem como, proteínas devem ser provenientes de alimentos com baixo teor de gordura saturada ou desengordurados.
 
Sendo assim, a dieta adequada é aquela que estabelece um plano alimentar individual, que utilize uma estratégia que favoreça a reeducação alimentar, reduza riscos metabólicos e melhore a auto-estima. O paciente sobrepeso merece atenção dirigida, freqüente e funcional, pois só assim, as mudanças de estilo de vida propostas, e fundamentais para prevenção das doenças metabólicas podem ser atingidas com sucesso. 
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