Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Dia Mundial do Turismo, comemorar o quê?

Dia Mundial do Turismo, comemorar o quê?
Azulejos contam nossa história e atraem turistas
Às vezes parece que a imprensa rema contra. Na verdade, o setor do turismo é um dos que mais despertam interesse na mídia e, portanto, merece todo o nosso respeito. O que o jornalista procura informar é o fato, a notícia, os números e sua transparência, o que nem sempre agrada a todos.
 
No dia 27 de setembro, é comemorado o Dia Mundial do Turismo, indústria sem chaminés, limpa, uma das que mais gera empregos e receitas em quase todos os países, isso porque cada um deles tem o que oferecer ao visitante. Muitas vezes, as atrações não são assim tão empolgantes. Mas o povo compensa com muito carinho ao turista. Afinal, todos sonham em poder viajar, adquirir novos conhecimentos, fotografar, se divertir e contar as façanhas aos amigos. Esse é o turismo saudável que o ituano tem prazer em praticar: oferecer mesa farta e gostosa, ótima rede hoteleira, passeios pelo ambiente rural, visitas a fazendas históricas e a monumentos imperdíveis, feitos pela mão do homem ou pela natureza.
 
Mas, no contexto do turismo globalizado, o Brasil, apesar do grande potencial, ainda está muito longe de conseguir explorar devidamente suas riquezas naturais, históricas e seus tesouros, para atrair mais turistas e incrementar o fluxo de divisas externas. Os fatores que atrapalham são muitos, mas, principalmente porque o turismo é um complexo complicado. O turismo depende de inúmeros outros fatores como a economia, infra-estrutura, simpatia do povo pelos visitantes, mão de obra qualificada, qualidade do sistema educacional, atendimento em outras línguas, boas rodovias, estrutura de portos e aeroportos, higiene, serviços médicos voltados ao turista, etc.
 
Como se vê, a lista é longa. Para piorar, o número de turistas estrangeiros em visita ao Brasil caiu 6,3%, no ano passado, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT). Em 2006, a estatística aponta a vinda de 5 milhões de viajantes contra 5,4 milhões em 2005. Os principais motivos desse retrocesso podem ser apontados como a crise da Varig, a crise da aviação civil e a escalada da violência urbana. Assim, ficamos na contra-mão do planeta onde 842 milhões de turistas se deslocaram no ano passado, ou seja, quase 5 por cento a mais que os 802 milhões registrados em 2005.
 
Diz o governo que se esforça em perseguir metas com o objetivo de aumentar o fluxo de turistas estrangeiros, não só para garantir como para incrementar cerca de 6 milhões de empregos de pessoas que vivem em torno dos resultados do turismo. Mas, este ano, por exemplo, apesar de um investimento de 33,2 milhões de reais, previsto por programas federais diretamente ligados ao setor, menos de 1% desse valor foi gasto até agora, final de setembro.
 
No ano passado, de R$ 1,3 bilhão autorizados em orçamento para o Ministério do Turismo, somente a metade desse dinheiro foi realmente aplicado. Parte do restante, cerca de 340 milhões foram gastos no pagamento de dívidas anteriores. O orçamento para 2007 previu uma verba de 1,8 bilhão para a recuperação e melhorias no setor turístico. No entanto, apenas 10 milhões de reais foram investidos nos primeiros meses do ano. Essa é a realidade.
 
Neste ano, não se sabe bem o porquê, a Organização Mundial do Turismo escolheu um tema para comemorar: “O Turismo abre as portas para as mulheres”. Imagino que pela competência feminina em conhecimento e no gerenciamento, além da suas atividades domésticas. Nesse ponto o Brasil está bem servido: temos uma Ministra do Turismo, Marta Suplicy, a presidência da EMBRATUR é ocupada também por uma mulher – Jeanine Pires e na presidência das Comissões de Turismo da Câmara e Senado estão a deputada Lídice da Mata e a senadora Lúcia Vânia, respectivamente. No entanto, a Lei Geral do Turismo está parada na Casa Civil da Presidência da República a espera de uma tramitação mais digna para um setor que emprega, atualmente, cerca de 2 milhões de mulheres.
 
Tristes são os números do ranking internacional de países que mais recebem turistas. Essa pesquisa é feita anualmente, considerando-se mais de cem países. A campeã absoluta é a França que recebeu, em 2006, quase 80 milhões de visitantes. Na seqüência vem a Espanha (58,5 milhões), Estados Unidos (51,1 milhões), China (49,6 milhões) Itália (41,1 milhões) e o Brasil na 37ª posição, com o registro de apenas 5 milhões de turistas no ano passado.
 
Pior ainda é o registro do Fundo Econômico Mundial que pesquisa o Ranking de Competitividade em Turismo e Viagem, no qual o Brasil ocupa a 59ª posição. Nessa avaliação são analisados diversos itens que influenciam a receptividade turística como a rede de transporte precária, desempenho ruim no aspecto segurança e falta de políticas públicas para o desenvolvimento do turismo. Entre os pontos particularmente negativos do Brasil está a mão de obra qualificada para o setor, que levou o País para o 106º lugar entre os 124 países que participam do ranking nesse quesito.
 
Segundo o FEM – Fórum Econômico Mundial – a qualidade do sistema educacional colocou o Brasil em 114º lugar. Esse ranking que mede diversos aspectos de uma nação em relação ao turismo é liderado pela Suíça, seguida nos dez primeiros postos pela Áustria, Alemanha, Islândia, Estados Unidos, Hong Kong, Canadá, Cingapura, Luxemburgo e Inglaterra. O curioso é que a França, país mais visitado do mundo, está em 12º lugar, apesar de seus inúmeros atrativos, grande estrutura de transportes e excelente rede de hotelaria. O fator que derruba a França é a atitude generalizada da sua população no tratamento inadequado aos visitantes estrangeiros.
 
Outros grandes destinos como Portugal (22º lugar), a Espanha (15º) e o Japão, a segunda maior economia do mundo (25º) mostram bem a seriedade desse ranking. Na região da América Latina e Caribe, Barbados se destaca em 29º lugar, Costa Rica, 41º, Chile, 45º, e México, 49º. Os “hermanos” argentinos aparecem em 64º lugar e o Peru, em 81º. A Itália, famosa pela enorme quantidade de pontos turísticos está em 33º lugar, a Índia em 65º e a China na posição 71.
 
Para salvar nossa imagem, o Banco Central do Bra
Comentários