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Publicado: Quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Dia de Finados: para que serve?

Dia de Finados: para que serve?
No dia 2 de novembro, celebrou-se, mais uma vez, com intensa participação popular, o dia de oração pelos fiéis falecidos. A multidão que acorre aos cemitérios revela a fé, que nossa gente de formação cristã professa na vida eterna. Reza-se pelos mortos, não por causa da morte propriamente, mas porque se ama a existência e se crê que a vida não termina em um  túmulo, mas  vai muito além dele, nos mistérios de Deus.
 
A lembrança dos que morreram nos ajuda a refletir sobre a transitoriedade da vida e a necessidade de estarmos preparados para o nosso dia.
 
Os que têm a graça de crer em Cristo encontram no evangelho o sentido para a realidade da morte que a todos, inevitavelmente, recolhe e a resposta confortadora para situações de perda de entes queridos, às vezes em condições totalmente inesperadas.
 
Aos que não crêem na vida futura, a morte é terrível desespero e a existência neste mundo acaba perdendo a razão de ser.
 
O diálogo de Jesus com Marta e Maria, irmãs de Lázaro, morto havia quatro dias, esclarece a respeito do tema. Segundo a narrativa do evangelista João em seu capítulo 11, Cristo, sabendo do falecimento de seu particular amigo, vindo visitar suas irmãs em Betânia, encontra-as transidas pela dor. “Se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”, interpela Marta e depois também Maria. “Teu irmão ressuscitará”, responde o Senhor. “Eu sei que ele há de ressuscitar no último dia”, diz Marta. Em seguida, ouvem o Senhor proclamar: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá e todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre”.
 
O episódio narrado na seqüência, pelo evangelista, sobre a oração de Jesus diante do túmulo de Lázaro e a revitalização de seu corpo é a demonstração da superioridade divina sobre as forças da morte. Lázaro,  mais tarde volta a morrer, mas desta vez ressuscitará, não para este mundo, mas para a eternidade onde não há nem doença e nem morte, nem dor e nem sofrimento, nem dúvida e nem incredulidade. A ressurreição de Lázaro foi um ato de bondade do Senhor para que todos pudessem crer na ressurreição da carne.
 
Diante da sepultura de nossos finados, onde depositamos flores e acendemos lumes, oramos e somos fortalecidos pela certeza de que Deus nos criou não para morrer, mas para viver eternamente em seu lar paterno. Aos que crêem, diz  Cristo: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, credes também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito.
Vou preparar um lugar para vós. E, depois que eu tiver ido e vos tiver preparado o lugar, virei novamente (quando morrerdes), e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, estejais também.” (Jo.14,1-4).
 
Crer na ressurreição dos mortos e na vida eterna não é difícil. Nem é difícil vislumbrar a eternidade feliz, embora só saberemos perfeitamente como ela é quando lá estivermos, pois é um segredo carinhoso do Pai que nos ama. Pelo ciclo da vida humana que tem sua primeira fase na penumbra do ambiente intra-uterino e passa à claridade após o nascimento, podemos imaginar o que será a vida em Deus, na sua plenitude esplendorosa após a nossa ressurreição final. São Paulo, ao falar das moradas do Pai, descreve: “Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que o amam” (II Cor. 2, 9).
 
Porém, terrível é a palavra do Senhor para aquele que se recusa a acolher a Verdade e despreza o juízo final, sobretudo vivendo no egoísmo e na ganância, excluindo de sua vida o amor de Deus e os apelos dos pobres e dos sofredores: “Apartai-vos de mim, malditos, ide para o fogo eterno preparado para os demônios e os seus anjos...” (Mt. 25, 41)
 
A oração pelos mortos que fazemos nestes dias seja estendida em benefício da atual sociedade para que esteja a serviço e favorável à cultura da vida e contrária à cultura da morte, pois fomos criados para viver e não para morrer. Fomos feitos para o paraíso.
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