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Publicado: Sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Despendindo-nos do Ano Velho

As despedidas são tristes. Dos colegas, dos amigos, da escola, da faculdade, da família, do país, da vida. Dos anos que se sucedem não poderia ser diferente. Mas, a grande constatação reside em verificar que nada é repetitivo e as variações são contínuas, permanentes. O ser humano envolve pequeno universo e nos maravilha por trazer em seu bojo imensas potencialidades.
 
Se escrevêssemos sobre os principais fatos e descrevêssemos aquilo que nos encantou, emocionou, decepcionou ou casou mágoas, evidentemente estaríamos esboçando roteiros das próprias existências transmudadas em novelas. Mas, se em recomendável desvelo para com o próximo, observássemos os nobres atos ou atitudes que aconteceram e podem acontecer (neste mundo tresloucado, devasso, corrupto), como a do cidadão de Santa Catarina que devolveu respeitável quantia em dinheiro encontrada em casaco doado ou do engenheiro de Nova Odessa que passa uma semana de férias ajudando pessoalmente os flagelados das enchentes, no mesmo estado, nos consideramos engrandecidos, sobretudo por constatar real e ocasionalmente nossa filiação Divina.
 
Se retrocedêssemos no tempo, relembrando que a maioria dos parentes e amigos já partiu para o outro mundo e que todo aquele passado que nos envolve jamais poderá ser minimamente reproduzido, inclusive pelas alterações comportamentais havidas, seremos tomados por indizível tristeza.
 
Acresce a tal melancolia o natural desgaste decorrente do peso dos anos (o processo do envelhecimento que a maioria reluta em aceitar) e a perigosa convivência social, eivada de irreprimível violência e permanente desrespeito aos valores humanos fundamentais.                                            
A euforia que nos deveria entusiasmar com o advento do novo ano, pois criaturas de Deus ansiamos por felicidade plena, a partir desde mundo, é abruptamente conturbada pelas informações midiáticas sobre o reinício dos combates entre palestinos e israelenses na faixa de Gaza e pelas previsões desastrosas sobre a crise econômica mundial.
 
O homem afastado de Deus, não sabe onde procurar consolo. O pobre brasileiro, jovem e alegre, se refugia em efêmeras distrações, sobretudo no futebol e sua literatura, se anestesiando com os problemas de organização da longínqua Copa do Mundo, a ocorrer no Brasil em 2014.
 
Somente os 10% da população do país considerada rica, pelos índices estatísticos, não vê problema algum – pois libertos das preocupações econômicas e fartos de bens materiais – não entendem porque os outros 90% são pessimistas, só enxergam miséria e são incapazes de se encontrarem totalmente de bem com a vida.
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