Colunistas

Publicado: Quinta-feira, 10 de outubro de 2002

DESBUROCRATIZAR P/ CRESCER

Atualmente todos discutem em como encantar e fidelizar os seus clientes. Atrair o cliente já não é mais suficiente. Hoje é mais importante ter a capacidade de mante-lo na empresa e fazer com que ele volte sempre para fazer negócios.
   Estou fazendo esse breve comentário, para vocês sentirem a diferença de postura entre o fisco brasileiro e o americano.
   Uma das melhores palestras no 18.o. Encontro de Empresas de Serviços Contábeis, realizado em Ribeirão Preto, trouxe um empresário cubano, radicado nos Estados Unidos, o sr. Francisco Pancho Fernandez, que falou da atuação do empresário contábil nos EUA.
   Ele mostrou em um dos seus comentários como o fisco americano aborda o contribuinte, quando há diferenças no recolhimento de tributos.
   O governo americano tem claro, interesse em receber os tributos que lhe são devidos, e pergunta três vezes se os números apresentados estão corretos, embora o fisco saiba que não.
   O governo sempre tenta negociar a divida antes de aplicar alguma multa, pois, para o fisco americano, O IMPOSTO É VISTO COMO UM NEGÓCIO.
   Se após essas tentativas nada for resolvido, ai sim, ele autua e até prende o fraudador.
   Como um bom negociador o fisco tem o máximo interesse em manter a economia em atividade e as empresas abertas, para não matar a galinha dos ovos de ouro (o Contribuinte).
   Bem ao contrário do governo de FHC, que em 8 anos, não promoveu nenhuma reforma tributária, pois, isso não era de seu interesse e promoveu um brutal aumento na carga tributária e que hoje bate em 35% do PIB.
   Fazer uma ampla reforma tributária, significa simplificar a legislação em vigor, que apenas dificulta a vida de todos os cidadãos e contribuintes, pois a cada dia novas medidas provisórias, portarias, instruções normativas, atos declaratórios, soluções de divergências, são editados. Diminuir o número de impostos pode ser uma atitude sensata e inteligente, pois, mostra que o governo esta fazendo a sua parte, além do que ampliará a base de contribuintes, aumentando a arrecadação, e diminuindo a sonegação.
   Sempre que um governo esta em final de mandato ele promove alguma anistia, isentando de multas e /ou juros o contribuinte, para com isso aumentar o seu caixa e com isso, conseguir cumprir suas obrigações e não deixa-las para o seu sucessor..
   O problema ocorre porque as multas são abusivas, para não falar imoral, quando compradas com qualquer outro índice de inflação do próprio governo. Se o contribuinte esquecer de pagar ICMS por um dia de atraso a multa é de 5% mais 1% de juros. No caso da Receita Federal 0,3% ao dia, o que representa em 60 dias 20% de multa fora os juros.
   O IGP-M acumulado do último ano esta em 13,32%; o IPC-FIPE em 5,49%, uma aplicação em poupança 9,5% a.a; uma aplicação em CDI 18,36%.
   A maioria das empresas acaba atrasando os impostos, para não atrasar o pagamento dos funcionários, fornecedores, energia, etc, porque são vitimas da política fiscal recessiva imposta pelo governo, fazendo com que o faturamento e a lucratividade de todas se reduza e com isso comprometa o seu fluxo de caixa e quando vão a uma instituição financeira para conseguir um crédito, sabemos as dificuldades e as barreiras que são colocadas para a liberação do mesmo.
   Quando perguntado o que seria necessário para um brasileiro abrir uma empresa nos EUA, Pancho disse: apenas o passaporte regularizado, pois, em 48 horas você poderá iniciar o seu negócio.
   Esse exemplo mostra o quanto ainda precisamos caminhar para eliminar toda a burocracia que existe para se abrir uma empresa, reduzir o Custo Brasil e simplificar a vida de todos os cidadãos.
   A tempos atras tivemos um Ministro da Desburocratização, o finado Hélio Beltrão, lembram-se, que cuidava justamente de problemas como esses, e que foi vencido pela máquina burocrática do estado.
   Não se pode negar os avanços conseguidos nos últimos tempos, com o uso da Internet para se conseguir um CNPJ ou mesmo uma inscrição estadual, mas outras medidas deveriam ser adotadas, para que com um único documento o contribuinte conseguisse se cadastrar em todos os órgãos públicos e sem perder tempo iniciasse o seu negócio.
   Outras medidas poderiam ser tomadas e vamos procurar comentar em outros artigos, até lá
Comentários