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Publicado: Segunda-feira, 2 de março de 2009

Dengue Modelo 2009

Dengue Modelo 2009
Engº Dalton Fonseca fala da Dengue ...
Para evitar mesmices e manter acesa a ideia do combate à Dengue nesse verão, faço um rápido “ping-pong” com o  Engº Agrº Dalton P Fonseca Jr - Consultor Estadual Programa Nacional de Combate à Dengue / Ministério da Saúde - responsável por treinamentos e supervisões aqui na região e que atua no Combate à Dengue há mais de 10 anos.
 
Ele fala com exclusividade sobre o combate à doença, mais ameaçadora em épocas de chuvas, grandes deslocamentos de pessoas (ferias e carnaval) e mudanças nas gestões municipais de Saúde. Confira...
 
Qual sua avaliação da Dengue no verão 2009?
Até neste momento foram registrados poucos casos autóctones (com transmissão dentro do município) de Dengue no Estado. A maioria dos casos registrados é importada dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Ceará, onde a doença está atingindo a população com maior intensidade. Em 2009 poderemos ter uma situação mais tranquila do que a registrada nos três últimos anos, apesar de que ainda temos que esperar os reflexos da circulação das pessoas durante o carnaval para áreas onde estão ocorrendo epidemias. Por isso é importante que o serviço de atenção básica e  a vigilância epidemiológica dos municípios fiquem atentos para qualquer paciente com sinais e sintomas da doença e que tenham circulado por áreas com transmissão da doença neste momento.
 
Qual a importância da interação entre os municípios vizinhos?
É importantíssima a integração entre os municípios que constituem regiões metropolitanas ou micro regiões, pois além da concentração da população nessas áreas, há o deslocamento e fluxo das mesmas de forma rotineira. Isso acarreta numa maior facilidade de dispersão ou introdução do vírus no município vizinho. Por isso os municípios devem trabalhar de forma integrada nas ações de vigilância da doença e principalmente nas ações de combate ao mosquito (aedes aegypti) e de mobilização, através de informação e participação, da população nessas ações.
 
Quais os riscos que se potencializam na troca de Gestores Municipais de Saúde num novo governo municipal ou mesmo em contextos de reeleição?
A grande preocupação na mudança da gestão municipal é com a interrupção das ações de combate ao mosquito. Neste período sempre ocorre a diminuição ou dispensa das equipes de Campo, ou pela gestão anterior não priorizar essa área, principalmente se não ocorrerem casos de dengue, ou  pela gestão que está assumindo não ter identificado a dengue e o combate ao mosquito como prioridades "zero", não só na área da saúde, mas em várias secretarias do governo municipal.
 
O que recomenda numa vistoria domestica? Ela deve ser feita com que frequência?
Existem três tipos de vistorias: A primeira é a vistoria dos imóveis que possuem um risco maior na proliferação e dispersão do mosquito no município, os chamados Pontos Estratégicos. Esses imóveis, em geral comércio e indústrias, devem ser vistoriados e trabalhados a cada quinze dias devido ao ciclo do mosquito (normalmente 7 a 10 dias). A segunda vistoria e no imóvel residencial, que possui poucos criadouros, porém fundamentais para a manutenção da infestação elevada do mosquito no município. As fêmeas se alimentam do sangue humano e por isso têm preferência para ficar e colocar seus ovos nos criadouros que estão dentro da casa e arredores. Essas vistorias devem ser realizadas a cada 60 dias nas residências, sempre focando no trabalho de mobilização junto a população. Já a terceira vistoria é no Imóvel Especial. Geralmente são imóveis públicos (hospitais, escolas, unidades de saúde, ginásios) que possuem poucos criadouros, mas um grande fluxo de pessoas, o que pode facilitar a dispersão da Dengue, pois haverá vírus, mosquitos e muitas pessoas num mesmo local.
 
Quais os principais parceiros da Saúde no combate a Dengue?
A Dengue é uma doença que veio para ficar, nós não vamos conseguir eliminá-la, vamos ter que aprender a conviver com ela. A melhor maneira para diminuirmos o impacto dessa doença é combatendo o vetor (mosquito Aedes), e eliminando seus criadouros, e como sabemos nem sempre  conseguimos esse objetivo. É aí que entra a integração e parceria com outros órgãos públicos e privados, além das ações regionalizadas. Na gestão municipal é fundamental a parceria com as secretarias de educação, de obras, de meio ambiente, de ação social, de planejamento, finanças, defesa civil entre outras, para que se possa elaborar um plano de ação, envolvendo o setor público, o privado e principalmente a população, através de informação, treinamento, capacitação, mobilização e ação.
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