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Publicado: Sexta-feira, 2 de maio de 2008

Dengue, Aids e Aborto

Sendo um país continental, o Brasil encontra problemas de enorme proporções em vários aspectos. Somos uma nação na qual há inúmeras realidades, dependendo de cada região. Em alguns Estados da nossa Federação há condições melhores, consideradas de “primeiro mundo”. Em outros as condições são precárias, infelizmente.
 
Entre as mazelas que atingem o brasileiro comum, está o da saúde pública. Em geral, as queixas são as mesmas conhecidas de sempre: filas nos hospitais, falta de leitos, atendimento precário, pouca verba para a realização de exames, cirurgias e tratamentos. Somos aproximadamente 190 milhões de brasileiros e sem dúvida não deve ser fácil tentar levar um atendimento médico razoável a essa quantidade de gente.
 
Como contraponto, temos alguns sucessos no plano da saúde pública. O Brasil é modelo no que se refere à questão da AIDS. Os que possuem o vírus HIV têm direito a receber os medicamentos gratuitamente e assim conseguem aumentar sua expectativa de vida. Atualmente, quem recebe a notícia de ser um portador da doença não precisa se desesperar. O tratamento evoluiu e é bancado pelo Governo, o que garante uma sobrevida quase normal.
 
Eu sou do povo e por muito tempo dependi do atendimento público na Santa Casa e nos postos de saúde. Infelizmente, a realidade ali é triste. Horas para ser atendido, condições precárias. Não vou entrar em minúcias sobre a falta de investimento na saúde pública. O que todos sabemos, e ninguém discute, é que o sistema de saúde público, em qualquer localidade brasileira, deixa muito a desejar, bem aquém do que merecemos.
 
Recentemente, a epidemia de dengue no Rio de Janeiro nos alarmou. Parece que fomos pegos de surpresa. Em apenas dois meses, surgiram mais casos da doença do que no ano passado inteiro. Despreparo? Falta de investimentos e de campanhas de alerta? Condições climáticas? Muitas são as hipóteses. O fato é que o governo federal e o Ministério da Saúde parecem não ter previsto tudo o que estava para acontecer.
 
Por outro lado o governo parece gastar muito de seu tempo (e verbas) com outras preocupações, enquanto faltam campanhas contra a dengue, seringas e leitos nos hospitais, salários e condições de trabalho melhores para os profissionais da saúde. Que o frio é maior que o cobertor, já sabemos. O que também sabemos é que nem sempre o pessoal do Ministério da Saúde se ocupa em cobrir os pontos que realmente interessam.
 
O caso da “epidemia-surpresa” de dengue no Rio de Janeiro, foi para mim uma lição à atual orientação do Ministério da Saúde e do responsável pela pasta, o ministro José Gomes Temporão. Em vez de preocupar-se com a solução de problemas que atingem os brasileiros em seu cotidiano, como a prevenção à febre-amarela e à dengue, o referido Ministério passou muito de seu tempo dedicando-se a embates ideológicos sobre o aborto. Deu no que deu...
 
Minha opinião é que alguns setores do governo, e do empresariado nacional, dedicam-se a aprovar leis abortistas por puro interesse econômico. Ao governo federal, quanto menos habitantes existir, melhor: é menos gente para prover de saúde, estudo, segurança, etc. Aos investidores, tudo pode ser revertido em lucro: venda de fetos para estudos científicos, venda de óvulos para clínicas de reprodução, venda de crianças abortadas para fábricas de cosméticos.
 
Sou daqueles que pensam que um governo não deve ser movido por ideologias. O governo deve preocupar-se em administrar o que é público, oferecendo melhorias nas condições de vida da população. Questões de fé e moral não devem ser decidas por pessoas eleitas a cada quatro anos.
 
Essas questões devem ser amplamente discutidas pela sociedade e, caso seja necessário, o resultado desse debate pode transformar-se em propostas, levadas ao Congresso Nacional para que se transformarem em leis, que podem ser aprovadas ou não. Infelizmente, vemos que tudo vem de cima para baixo e o governo federal tenta empurrar goela a baixo da sociedade brasileira as suas leis abortistas, sendo que pesquisas de fontes seguras comprovam que o brasileiro não tolera a prática do aborto.
 
Enfim, como brasileiro que paga em dia seus inúmeros impostos, espero sinceramente que o governo federal pare de gastar meu dinheiro em debates ideológicos e passe a investir mais em saúde pública em prevenção de doenças, na verdade o que mais interessa a todos nós que nos sujeitamos a epidemias repentinas.

Amém.
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