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Publicado: Segunda-feira, 20 de julho de 2015

De 40 para 27

De 40 para 27

Bom será – ah que sonho ! –  quando o futuro se tornar previsível.

Qualquer mortal, mesmo os mais bem postos na vida e embora a felicidade total jamais aconteça, sempre vai se lembrar de erros cometidos no passado.

É aquele caso do “aí se eu soubesse”...

Não adianta, já foi. Irreversível passado, um segundo que seja.

De todo modo, se você se sente bem agora e satisfeito, erga as mãos para o céu e agradeça. Quanto mais ao se falar sobre os instantes e surpresas de bens inesperados, como quando você se pergunta, que outro gesto puro terá feito para merecer mais esse.

Não se apresenta nesta crônica, elaborada na folha de um guardanapo de papel, nada de espetacular.

Conceda-se tão somente que são desde logo aceitas as inspirações que pululam soltas, após o almoço. Viu, que verdade? Estômago satisfeito produz bem-estar e então afluem pensamentos a granel, variados, tantos que até se atropelam.

De que mesmo se falava ali atrás?

Não tão difícil de se lembrar. Era a respeito da imprevisibilidade do futuro.

Como também não se poderia prever o olhar repetido dos garçons a querer o meu espaço de volta em dias de movimento na casa. Eles é que falharam, ao me acomodarem sozinho em mesa de quatro lugares.

Precipita-se então um pouco o fecho deste colóquio, de mim para comigo mesmo, solto. Coisa boa a se fazer é não ter pressa nem sofreguidão.. Labore no sentido de se proporcionar a si  momentos de nada fazer. Parar, olhar os circunstantes no seu falatório desenfreado em almoço de dia útil. É tão verdadeiro e salutar que quedar-se quieto e abandonado a si mesmo faz bem, que acabo de respirar fundo e lentamente. Busque o sossego legítimo.

E como até aqui o tema refluiu sobre alimentos , veja-se mais este caso, de outro dia, questão de três semanas se tanto.

Para o lanche da noite, buscou-se a padaria mais próxima. Na geladeira e vitrine, nacos de pizza. Uma inteira, quanto custaria? Resposta imediata: 36 reais.

No balcão, o mesmo artigo é vendido em fatias e seis pedaços comporiam uma inteira, cada naco ao preço de quatro e cinquenta, ou seja, 27 reais. Se é por isso, claro, foi pega ali mesmo, com recomendação de não ser o produto fatiado, inteiro portanto.

E o tempo de confecção? Sete minutos. Ora, mais um motivo para se obter ali e diretamente, até porque a domicílio se haveria de somar a gorjeta, muito justamente aliás. E como raramente há dinheiro miúdo em casa, costuma-se deixar para o esforçado motoqueiro a gratificação que, no caso e arredondada, acaba por ser de quatro reais.

Matematicamente, despende-se pois 27 reais ao invés de 40 no todo.

A gente iria discorrer um pouco sobre os presidentes das casas legislativas em Brasília, mas, palhaçada por palhaçada, logo mais à noite tem o circo, montado na saída para Porto Feliz.

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