Dama da Noite
Caminhando pelas ruas, me vi diante de uma árvore repleta de flores brancas, pendente dos galhos como pequenos lustres. Essa flor eu a conheço desde a minha infância. Elas são grandes, em forma de buquês, lindas e perfumadas. Fiquei extasiada por tamanha beleza.
Tenho, no meu jardim, um pé de dama da noite que nos arrebata com aquele cheirinho gostoso quando a gente esbarra nas folhas ou flores. Gosto de ficar perto dele ao cair da tarde quando seu aroma e sua brisa se intensificam. Chego mesmo a conversar com ele. É uma magia inexplicável!
Meu pé de dama da noite foi presente da minha mãe que já partiu a alguns anos, talvez por isso eu tenha tanto xodó por ele. Acho até que ele é a imagem da minha mãe. Ela se foi, permaneceu o gesto de carinho que se renova a cada florada.
Os ipês roxos e os pés de manacá estão em plena florada. As azaleias gostam de florescer no inverno e assim por diante, cada espécie tem o seu tempo certo de brotar e florescer.
É quase assim com os nossos filhos, que já não são mais crianças, estão no tempo de estudar e morar fora. Vem chegando de mansinho àquilo que chamam de síndrome do ninho vazio. Percebi nitidamente essa síndrome quando me vi comprando panelas e utensílios menores.
Puxa como sinto falta deles!
Ah! Vida danada sempre nos surpreendendo! Não é só uma questão do tempo de cada coisa; é também o tempo certo de semear, esperar e florescer.