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Publicado: Segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Dai-nos vacinas, Senhor!

Não pode haver felicidade quando as coisas nas quais acreditamos são diferentes das que fazemos.” (Freya Stark)
Acreditar em algo e não o viver é desonesto.” (Gandhi)
Nossa sociedade pede socorro. Está muito doente, vítima de graves epidemias.
Ao que parece o ser humano está acordando de mau humor. Contaminado, contamina outros e a epidemia das crises humanas e sociais alastra-se ferozmente: de boca em boca, de cabeça em cabeça, de coração para coração... É urgente parar de lamentar-se, de criticar e tomar uma firme posição, de ações positivas e eficazes. É preciso doses maciças de antídotos e de vacinas; combater causas e conseqüências; eliminar já no ninho os “vírus” espalhados.
Os males que assombram a sociedade brasileira são culpa nossa. Ao contrário dos naturais (terremotos, vulcões, furacões, tornados...), nossos problemas são culturais, totalmente possíveis de ser erradicados. Basta investimento, determinação.
Nossas estruturas sociais precisam de reforma, não antes, é claro, das reformas pessoais. Afinal somos as peças do jogo da vida, responsáveis pelas vitórias e pelas derrotas.
É preciso revacinar, especialmente a nós cristãos; a consciência do nosso batismo parece enfraquecida nessa luta pela sobrevivência, nessa ânsia de aproveitar a vida.
Precisamos vacinar nossas línguas, nossos pensamentos, nossos desejos sem fim; igualmente fazem parte dessa extensa lista o ódio, a inveja e a cobiça, grandes vilões no nosso dia-a-dia. Vaidade, luxo excessivo, consumismo, vacina neles!
É preciso dar vitaminas ao povo: alimentá-lo de cidadania, respeito ao outro, patriotismo, moral e civismo. Tornar nosso voto consciente e valorizado; ele é uma arma poderosa no controle do sistema político. Afinal lá estão nossos escolhidos...
É preciso boas escolas. Mestres respeitados, honrados, bem remunerados. Será sonho impossível? Algo que foi e não volta mais? Não! Seu papel é insubstituível, complementar ao dos pais. É preciso educar nossas crianças, nossos adolescentes e jovens, garantindo-lhes saúde física, mental e espiritual.
É preciso vacinar nossos jovens contra a epidemia das separações, das vidas destruídas, dos corações partidos, dos filhos inconsoláveis.
É preciso vacinar nossos adolescentes e jovens contra a epidemia do alcoolismo: mortes no trânsito, brigas e violência doméstica, homicídios... Vale aqui citar um artigo publicado na revista “Família Cristã – out/2007” onde nossa responsabilidade é bem lembrada: “A melhor forma de impedir que os jovens comecem a beber é os próprios pais se absterem do álcool, pois o hábito é entendido como consentimento e os filhos não têm condições de avaliar os perigos que correm ao beber.”
Precisamos mostrar aos nossos jovens e adolescentes que é possível ter uma vida alegre e feliz sem cair nas tentações do mundo, sem seguir cegamente o que essa sociedade inescrupulosa oferece como natural e saudável.
Está faltando fermento cristão na nossa vida. Quando o Evangelho recomenda: “Vigiai!”, é evidente que não quer que permanecemos atentos somente, mas que haja atenção e ação. Nada de braços cruzados. Os milagres divinos acontecem, mas não antes que os esforços humanos sejam esgotados. Não pode Deus alimentar nossa preguiça e nossa acomodação.
É urgente que cada um cuide melhor do que lhe pertence. Além de vacinas, dai-nos, Senhor, força e coragem para defender e promover a vida e para mudar concretamente o nosso meio.
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