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Publicado: Sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Cultura de Vida e Cultura de Morte

Temos que agradecer a Deus os imensos progressos da ciência em favor da vida, sobretudo a humana. Não será exagero dizer que, dos primeiros anos do século 20 para os tempos atuais, num arco de um centenário, a humanidade conquistou avanços tão grandes no campo científico, incluindo a área médica, que pode se falar hoje num outro mundo em relação àquele passado não longíquo.
 
Os esforços dos cientistas são apreciados singularmente pela Igreja, como podemos ler na encíclica Fides et Ratio (A Fé e a Razão) de João Paulo II: "Não posso deixar de dirigir uma palavra também aos cientistas, que nos proporcionam, com suas pesquisas, um conhecimento sempre maior do universo inteiro e da variedade extraordinariamente rica dos seus componentes, animados e inanimados, com suas complexas estruturas de átomos e moléculas.
 
O caminho por eles realizado atingiu, especialmente neste século, metas que não cessam de nos maravilhar. Ao exprimir a minha admiração e o meu encorajamento a estes valorosos pioneiros da pesquisa científica, a quem a humanidade muito deve do seu progresso atual, sinto o dever de exortá-los a prosseguir nos seus esforços, permanecendo sempre naquele horizonte sapiencial onde aos resultados científicos e tecnológicos se unem os valores filosóficos e éticos, que são manifestação característica e imprescindível da pessoa humana".
 
Na verdade, os avanços científicos são uma realidade, mas não é menos verdade que a humanidade ainda não alcançou o mesmo progresso no campo da ética e, em certos casos, fala-se hoje de um regresso no que diz respeito à dignidade humana. A busca desta evolução é tarefa de todos, desarmados de qualquer preconceito e dotados de sinceridade nas pesquisas.
 
Na mesma encíclica citada, podemos ler: "O cientista está bem cônscio de que a busca da verdade, mesmo quando se refere a uma realidade limitada do mundo ou do homem, jamais termina; remete sempre para alguma coisa que está acima do objeto imediato dos estudos, para os interrogativos que abrem o acesso ao Mistério".
 
Os grandes desafios à vida, experimentados no mundo atual, são resultado de uma mentalidade, de certo modo, generalizada na sociedade, que apresenta sinais sensíveis de empobrecimento moral e ético. A Campanha da Fraternidade deste ano propõe uma reflexão. Estamos progredindo na cultura da vida ou nos sucumbindo na cultura da morte?
 
Percebe-se que nem tudo que é possível à ciência é necessariamente bom. O texto base da CF faz a seguinte afirmação: "Percebemos que nem tudo que é possível é bom. Nem todas as possibilidades abertas pela ciência trazem o bem para as pessoas.
 
A prática da ciência deve, portanto, submeter-se ao juízo ético, buscando sempre aquilo que é bom para o ser humano. Trata-se de buscar aquela lei natural que está "inscrita no coração do homem". Contudo, deve-se ter em mente que essa lei natural, ainda que inscrita no coração, só pode ser adequadamente percebida na busca sincera pela verdade e com o reconhecimento da dignidade intrínseca da pessoa humana".
 
Alguns projetos internacionais de limitação demográfica sem ética continuam ameaçando países em desenvolvimento, provocados por potências do norte. Leis favoráveis ao aborto, à eutanásia e a pesquisas científicas que resultam na morte de embriões humanos são pontos de discórdia entre aqueles que defendem a dignidade natural da vida humana e aqueles que, pouco a pouco, vão perdendo a sensibilidade a respeito da vida do outro.
 
Assomem-se a isto, os grandes problemas da indústria e engenharia bélica que acabam alimentando a violência até mesmo onde parece existir paz. Entre os dados estatísticos assustadores, o mais recente é o número de assassinatos acontecidos no Brasil nos últimos 30 anos: um milhão de mortes. E não estamos em guerra com nenhum outro país!
 
Entre a cultura da morte e a cultura da vida, a Campanha da Fraternidade propõe opção para benefício de todos e, com a Palavra bíblica, diz "Escolhe, pois, a vida" (Dt.30.,19).
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