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Publicado: Quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cuide do seu sentimento

Cuide do seu sentimento
As pessoas tristes são mais feias, mais doentes...

Às vezes as duras emoções nos levam a questionar a vida, a profissão e os valores construídos. 

Conversando com uma amiga psiquiatra, compreendi que essa sensação pode brotar dos sentimentos despertados por uma grande perda, onde a tristeza, o medo, a angústia tomam conta da mente em doses superiores a que podemos suportar. Mais ainda quando a sensibilidade é característica da personalidade, permitindo que os sentimentos invadam as emoções de tal forma que se tornam incontroláveis. Um processo muito próximo a depressão. 

Por isso é necessário estar atento aos sentimentos. Num mundo individualista, repleto de pressa e pressão, precisamos fazer mais as coisas que gostamos, buscar as sensações de conforto e felicidade interior, facilitando assim a estimulação e a produção química dos hormônios que protegem a vida dos neurônios e a sanidade mental. 

O nosso corpo é uma máquina movida pela produção e liberação hormonal e a dose certa, equilibrada e funcional depende de fatores externos, como alimentação, trabalho, atividade física e mental, pensamento e linguagem. Tudo que levamos para dentro do nosso corpo interfere nesse processo.  

Minha mãe terminou a vida dominada pela disfunção hormonal que a fez vítima de uma depressão profunda. Foram 10 anos de luta interna e triste alienação do mundo. Nem sempre os remédios dão conta, embora a medicina tenha conquistado cada vez mais novas descobertas na vontade interminável de conhecer, controlar e recuperar o cérebro humano. 

Cuidar dos sentimentos é essencial. A raiva, o rancor, a mágoa, a teimosia e tantos outros sentimentos ruins apagam os neurônios e nos envelhecem precocemente até a morte.  As pessoas tristes são mais feias, mais acabadas, mais doentes... 

Tal consciência tem me levado a tomar algumas decisões, retomar projetos e sonhos abandonados, refazer contatos de amizades e reconstruir histórias que ficaram esquecidas. Hoje compreendo porque muita gente transforma a vida, muitas vezes impactando a sociedade com obras de grande valor, depois de ter vivido uma grande tragédia. A fatalidade nos apresenta apenas duas opções: ou você aprende com ela e refaz a sua história, ou você se entrega a ela e finaliza a sua história. 

Confesso que frente à morte da minha mãe tive dúvidas de que lado ficar.  No entanto, a inteligência, a auto-estima e o compromisso com a vida, sempre tão presentes em minha razão, tem me ajudado a levantar da cama diariamente, conduzir o tempo e, como diz Almir Sater, em uma das músicas que gosto tanto, acreditar “que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente... Como um velho boiadeiro levando a boiada, eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou. Estrada eu sou...”

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