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Publicado: Segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cruzeiros de 1ª classe

 

Felizmente ficou para trás a época em que cruzeiro no Brasil era sinônimo de mercadoria de luxo, com frequência restrita aos abastados. Mas, convenhamos, o pêndulo oscilou demais para o extremo oposto. Os atuais meganavios, democratizados e superpopulosos, embora ofereçam excelentes instalações, tecnologia de última geração e inúmeras alternativas de lazer, estão longe de representar a situação ideal para todos os públicos. O modelo McDonald's versão marítima, que privilegia o volume por meio da padronização, afugentou o cruzeirista tradicional, que se ressente da falta da atmosfera romântica dos navios, cercada de glamour, de gastronomia superior e de excelência nos serviços.

Mas, finalmente, uma solução que pretende conciliar o melhor dos dois mundos – navios gigantes com conforto, bom entretenimento e custos razoáveis combinados à exclusividade e sofisticação dos barcos menores, antes reservados a milionários – é anunciada, de forma pioneira, pela MSC Cruzeiros.

Ao entender que a verdadeira essência do luxo não é poder aquisitivo, acessível a qualquer pessoa que juntou dinheiro, mas sim o silêncio qualificado de que todos sentem falta na balbúrdia aquática que assola áreas comuns dos cruzeiros, a empresa italiana inventou o Yacht Club. Trata-se de um setor separado na parte dianteira do navio, implantado inicialmente no MSC Fantasia e MSC Splendida. Os dois receberam modificações que permitem acomodar 71 das 1637 cabines, transformadas em suítes de luxo com concièrge e mordomo noite e dia. Para seus frequentadores há uma piscina exclusiva, elevador privativo para o spa, lounge na proa com visão panorâmica, além de restaurantes que atendem 24 horas. Isso não representa a volta de um elitismo, no qual hóspedes se isolam dos demais passageiros, mas sim a alternativa de fazer a combinação de forma seletiva.

Prioridades – O passageiro do Yacht Club tem passe livre para todos os lugares, mas dispõe de algumas vantagens – como prioridade no acesso aos entretenimentos a bordo, do teatro à discoteca, e nos momentos do check-in e check-out. Além disso, há excursões terrestres personalizadas com guia turístico e motorista, bebidas alcóolicas incluídas, jornal favorito na cabine, menu de travesseiros e Nintendo Wii, entre outras.

Por enquanto limitado a cruzeiros da companhia no Mar Mediterrâneo, a experiência é ponto de partida de um modelo aperfeiçoado para navios inspirado na primeira classe dos aviões ou andares exclusivos de hotéis, segundo Adrian Ursilli, diretor comercial e de marketing da MSC Cruzeiros. Ele aposta que acertou na mosca: "Conseguimos atrair vários públicos, do viajante tradicional classe A que deixou de navegar, ao cruzeirista em busca de tranquilidade e privacidade. Ou das famílias com filhos pequenos, que podem se divertir nas áreas comuns enquanto os pais usufruem do ambiente exclusivo, até os eventos corporativos”.

Para este público empresarial, as possibilidades de utilização do espaço se multiplicam, como receber premiados de programas de incentivo, ou a flexibilidade para fechar a área, seja parcialmente para reuniões de negócios, seja integralmente para encontros ou convenções de pequeno porte. A melhor parte ficou para o final: o preço do Yacht Club, em média é só 30% maior que o das cabines convencionais.

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